Santos
São Paulino de Nola, bispo
Nota Histórica
Paulino nasceu em Bordéus, na França, no ano 355. Seguiu desde jovem a carreira política e exerceu diversos cargos públicos. Contraiu matrimónio e teve um filho. Sendo cônsul e governador da Campânia, renunciou à carreira e às riquezas pelo ideal evangélico, recebeu o Batismo e abraçou a vida ascética com a esposa e alguns companheiros em Nola, na Campânia. Mais tarde, foi ordenado bispo desta cidade e dirigiu esta Igreja durante vinte e dois anos, com grande sabedoria e paternidade para com o seu povo. Compôs uma coleção de poemas, notáveis pela elegância do seu estilo. Morreu no ano 431.
Missa
Comum dos pastores da Igreja: para um bispo.
Oração coleta
Senhor nosso Deus,
que, no bispo são Paulino [de Nola],
quisestes enaltecer o amor à pobreza e o zelo pastoral,
fazei que, celebrando os seus méritos,
imitemos os exemplos da sua caridade.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo,
por todos os séculos dos séculos.
LEITURA I 2 Cor 8, 9-15
«Ele, que era rico, fez-Se pobre por vossa causa,
para vos enriquecer pela sua pobreza»
Leitura da Segunda Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
Irmãos: Conheceis a generosidade de Nosso Senhor Jesus Cristo: que, sendo rico, fez-Se pobre por vossa causa, para vos enriquecer com a sua pobreza. Dou-vos apenas a minha opinião neste assunto, porque assim é do vosso interesse, tanto mais que fostes os primeiros, já desde o ano passado, não só a sugerir, mas também a empreender esta obra. Agora levai-a a bom termo, de modo que, assim como fostes prontos em querê-la, também sejais prontos em realizá-la, segundo as vossas possibilidades. Quando há boa vontade em dar, é bem aceite o que se tem e pouco importa o que não se tem. Não se trata de vos sobrecarregar para aliviar os outros, mas sim de procurar a igualdade. Nas circunstâncias presentes, aliviai com a vossa abundância a sua indigência para que, um dia, eles aliviem a vossa indigência com a sua abundância. E assim haverá igualdade, como está escrito: «A quem tinha colhido muito não sobrou e a quem tinha colhido pouco não faltou».
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 39 (40), 2 e 4ab.7-8a.10 e 11ab (R. 8a.9a)
Refrão: Eu venho, Senhor, para fazer a vossa vontade.
Esperei no Senhor com toda a confiança
e Ele atendeu-me.
Pôs em meus lábios um cântico novo,
um hino de louvor ao nosso Deus.
Não Vos agradaram sacrifícios nem oblações,
mas abristes-me os ouvidos;
não pedistes holocaustos nem expiações,
então clamei: «Aqui estou».
Proclamei a justiça na grande assembleia,
não fechei os meus lábios, Senhor, bem o sabeis.
Não escondi a vossa justiça no fundo do coração,
proclamei a vossa fidelidade e salvação.
EVANGELHO Da féria (ou do Comum)
Liturgia das Horas
Das Cartas de São Paulino de Nola, bispo
(Epist. 3, a Alípio, 1,5.6: CSEL 29, 13-14.17-18) (Sec. V)
O amor de Deus actua por toda a parte nos que são de Deus, por meio do Espírito Santo
É verdadeira caridade, é perfeito amor o sentimento que manifestastes para com a minha humilde pessoa, senhor verdadeiramente santo, beatíssimo e muito amado. Por meio de Juliano, um dos meus amigos que regressava de Cartago, recebi uma carta vossa. Nela se manifesta tão luminosamente a Vossa Santidade que mais me parece estar a reconhecer-vos do que a conhecer-vos pela primeira vez. Porque esta caridade procede d’Aquele que para Si nos predestinou desde o princípio do mundo, no qual fomos feitos antes de nascer, porque foi Ele quem nos fez e a Ele pertencemos, Ele que fez tudo quanto havia de existir. Formados, pois, pela sua presciência e acção, ficámos unidos, já antes de nos conhecermos, pelos laços da caridade, num mesmo sentimento e na unidade da fé ou na fé da unidade, de modo que, ainda antes de nos vermos corporalmente, já nos conhecemos pela revelação do Espírito.
Por isso me congratulo e me glorio no Senhor, que, sendo único, faz actuar o seu amor por toda a parte nos que são seus, por meio do Espírito Santo que derramou sobre todos os homens e que é a corrente caudalosa do rio que alegra a sua cidade. Foi Ele que vos colocou merecidamente entre os seus cidadãos como chefe espiritual com os príncipes do seu povo, nessa Igreja Apostólica, e também a mim me quis levantar do pó da terra para tomar parte no mesmo ministério que o vosso. Mais me alegra porém aquela graça que o Senhor me fez ao preparar-me um lugar no íntimo do vosso coração e conceder-me a vossa amizade. Deste modo, posso gloriar-me com toda a confiança no vosso amor, que tão obsequiosamente me mostrastes com estes serviços e que me obriga a corresponder-vos com amor semelhante.
Para nada ficardes a ignorar a meu respeito, devo dizer-vos que fui por muito tempo um pobre pecador e que, se fui retirado das trevas e da sombra da morte recebendo o sopro da vida, se pus as mãos ao arado e tomei a cruz do Senhor, necessito contudo da ajuda das vossas orações para perseverar até ao fim. Será uma graça que se irá juntar aos vossos grandes méritos, se me ajudar, com esta intervenção, a levar a minha carga. O santo – não me atrevo a chamar-vos simplesmente irmão – que vem auxiliar quem precisa, será exaltado como uma grande cidade.
Enviamos a Vossa Santidade um pão em sinal de unidade, e que é também símbolo da indivisível Trindade. Fareis deste pão uma bênção [eulogia], se vos dignais recebê-lo.