Santos

Beatas Sancha e Mafalda, virgens, e Teresa, religiosa

 

Nota Histórica

[Memória facultativa em Portugal]

As Beatas Sancha e Mafalda, virgens, e Teresa, religiosa, filhas de Dom Sancho I, rei de Portugal, foram modelo de virtudes desde a infância. Sancha começou a vida monacal em Alenquer, consagrando-se generosamente ao serviço de Deus, retirando-se, depois, para o mosteiro cisterciense de Celas, em Coimbra, onde morreu santamente, no dia 13 de março de 1229. Mafalda, após uma piedosa juventude, renunciando ao matrimónio que lhe foi proposto com o rei de Castela, tomou o hábito cisterciense no mosteiro de Arouca, onde deu exemplo de vida perfeita, e aí morreu, no dia 1 de maio de 1256. Teresa, a primogénita, apesar da sua aspiração à vida claustral, foi dada em casamento ao rei de Leão, mas, reconhecida a nulidade do matrimónio, retirou-se para o mosteiro de Lorvão, perto de Coimbra, onde tomou o hábito cisterciense e, santamente, morreu no dia 17 de junho de 1250.

 

Missa

Antífona de entrada Cf. Sl 44, 9-10.16
Ao vosso encontro vêm filhas de reis:
cheias de alegria e entusiasmo, entram no palácio real.

Oração coleta
Senhor nosso Deus,
que inspirastes às bem-aventuradas Sancha, Mafalda e Teresa
a renúncia a todo o esplendor do mundo
e as chamastes às núpcias do Cordeiro celeste,
concedei-nos que, livres dos prazeres efémeros da terra,
possamos gozar eternamente as alegrias do céu.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo,
por todos os séculos dos séculos.


LEITURAS da féria (ou do Comum)


Oração sobre as oblatas
Ao oferecermos este santo sacrifício,
na memória das bem-aventuradas Sancha, Mafalda e Teresa,
humildemente Vos pedimos, Senhor,
que permaneça em nós, sempre viva,
a memória da paixão do vosso Filho
e alcancemos os seus frutos de vida eterna.
Por Cristo nosso Senhor.

Antífona da comunhão Cf. Sb 4, 1
Como é belo o esplendor da geração casta!
A sua memória será imortal diante de Deus e dos homens.

Oração depois da comunhão
Subam até Vós, Senhor, as nossas preces,
na memória das bem-aventuradas Sancha, Mafalda e Teresa,
e concedei que,
alimentando-nos com o pão do céu nesta vida terrena,
mereçamos ser admitidos no banquete da vida eterna.
Por Cristo nosso Senhor.

 

Liturgia das Horas

Do Livro «Sobre o modo de bem viver»,
atribuído a Tomás do Montefrio, monge

(125-128: PL 184, 1276-1278) (Sec. XII)

Vida activa e vida contemplativa

A vida activa é a inocência das boas obras; a vida contemplativa é a aspiração dos bens superiores. A vida activa é para muita gente; a contemplativa é para poucos. A vida activa é o bom uso dos bens terrenos; a contemplativa é a alegria de viver só para Deus.
A vida activa é dar pão aos famintos, ensinar ao próximo a palavra da sabedoria, corrigir os que erram, chamar os soberbos ao caminho da humildade, reconduzir os desavindos à concórdia, visitar os enfermos, sepultar os mortos, libertar os presos e os cativos, socorrer a todos os que precisam de ajuda, prover cada qual do que lhe é necessário.
A vida contemplativa é consagrar-se de todo o coração à caridade para com Deus e para com o próximo, recolher-se da actividade exterior para se entregar exclusivamente às alegrias do Criador, de tal modo que, prescindindo de todos os cuidados do mundo, o espírito nada mais procure senão inflamar-se no desejo de ver a face de Deus; na vida contemplativa, aprende a alma a suportar com paciência o peso da carne corruptível e deseja ardentemente tomar parte no cântico dos coros angélicos, ansiando por entrar na convivência dos cidadãos do Céu e gozar da eterna imortalidade na presença de Deus.
A vida activa serve a Deus nos trabalhos deste mundo: acolhe os pobres e veste-os; dá-lhes comida e bebida; visita-os e consola-os; dá-lhes sepultura e pratica todas as outras obras de misericórdia.
Há duas espécies de contemplativos: uns vivem vida comunitária nos mosteiros; outros levam vida eremítica, isolados de toda a gente.
Mas é mais feliz e perfeita a vida contemplativa do que a vida activa. Assim como a águia, fixando os olhos nos raios do sol, não se volta senão para buscar alimento para o seu corpo, assim os santos se voltam, de vez em quando, da vida contemplativa à vida activa, considerando que, embora aquela seja mais sublime e benéfica, precisam no entanto, em certa medida, destes bens inferiores.
Os homens santos saem, de quando em quando, da intimidade da contemplação para a vida activa; mas voltam novamente, para louvar a Deus no recolhimento do espírito, onde recebem a força interior que lhes permite trabalhar cá fora para a glória do Senhor.
E assim como é da vontade de Deus que os contemplativos se voltem, algumas vezes, da vida contemplativa à vida activa para utilidade do próximo, também é da vontade de Deus que, outras vezes, ninguém os inquiete, para que possam repousar na intimidade suavíssima da contemplação.