Santos

São Romualdo, abade

 

Nota Histórica

Romualdo nasceu em Ravena, a meados do século X. Praticou a vida eremítica e é o pai dos monges camaldulenses. Durante vários anos percorreu várias terras em busca de solidão e edificou pequenos mosteiros. Lutou valorosamente contra a relaxação de costumes dos monges do seu tempo, enquanto, por sua parte, progredia esforçadamente no caminho da santidade, pelo exercício perfeito das virtudes. Morreu no mosteiro de Val di Castro, no Piceno, atual região das Marcas, na Itália, por volta do ano 1027.

 

Missa

Comum dos santos: para um abade.

Oração coleta
Senhor nosso Deus,
que renovastes na vossa Igreja a vida eremítica,
por meio de são Romualdo,
fazei que, renunciando a nós mesmos para seguir a Cristo,
mereçamos chegar ao reino dos céus.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo,
por todos os séculos dos séculos.

 

Liturgia das Horas

Da vida de São Romualdo, escrita por São Pedro Damião

(Cap. 31 e 69; PL 144, 982-983; 1005-1006) (Sec. XI)

Renunciando a si mesmo e seguindo a Cristo

Romualdo habitou três anos na região de Parenzo: no primeiro, construiu um mosteiro e nele colocou uma comunidade de irmãos com o seu abade; nos outros dois viveu lá em recolhimento. A bondade divina elevou-o a tão alta perfeição que, inspirado pelo Espírito Santo, previu acontecimentos futuros e chegou à inteligência de alguns mistérios ocultos do Antigo e Novo Testamento.
Era arrebatado frequentemente a tão elevado grau de contemplação que, derramando abundantes lágrimas e inflamado no fogo do amor divino, tinha exclamações como esta: «Jesus, meu amado Jesus, para mim mais doce que o mel, desejo inefável, doçura dos Santos, suavidade dos Anjos!». Estes e outros sentimentos de alegria profunda a que o movia a acção do Espírito Santo, não somos nós capazes de os exprimir com palavras humanas.
Em qualquer sítio onde este santo varão se decidia a habitar, compunha na cela, antes de mais, um oratório com o seu altar e, fechando-se nela, isolava-se de toda agente.
Depois de ter vivido em vários lugares, sentindo já iminente o fim da sua vida, voltou definitivamente ao mosteiro que construíra em Vale de Castro. Aí, esperando como certa a proximidade da morte, mandou construir uma cela com o seu oratório, para nela se recolher e guardar silêncio até à morte.
Acabado este seu eremitério, dispôs-se imediatamente para nele se recolher. Mas começou a agravar-se o seu estado de fraqueza corporal, mais devido ao peso dos anos do que a alguma doença caracterizada. E assim, certo dia, sentiu que lhe faltavam as forças e se acentuava a fadiga causada pelas enfermidades. Ao pôr do sol, ordenou aos dois irmãos presentes que se afastassem e fechassem a porta e que voltassem de madrugada para rezar com ele o ofício matutino. Os irmãos, pressentindo a iminência da sua morte, saíram contra a vontade, mas não foram dormir; permaneceram junto da cela, a observar aquele seu tesouro de valor inestimável, temendo que pudesse morrer, de um momento para o outro, o seu mestre.
Não muito depois o interesse levou-os a escutar melhor. E não lhe ouvindo qualquer movimento do corpo nem o menor ressonar, convencidos já do que havia acontecido, empurraram a porta, entraram rapidamente e acenderam a luz. Encontraram o corpo do santo já cadáver e deitado de costas; a alma tinha voado para o Céu. Ali jazia ele, como pedra preciosa caída do Céu e abandonada, para ser colocada de novo, com todas as honras, no tesouro do Rei supremo.