Santos

Santo Adalberto, bispo e mártir

 

Nota Histórica

Adalberto (Vojtech) nasceu em Libice, na Boémia – hoje, República Checa, por volta do ano 956. Estudou em Magdeburgo e aí recebeu na Confirmação o nome Adalberto. Tendo regressado à pátria, foi ordenado presbítero e, no ano 983, foi nomeado bispo de Praga, dedicando-se, com grande firmeza, à erradicação dos costumes pagãos. Ao ver que não tinha grande êxito, dirigiu-se para Roma e fez-se monge. Finalmente, na preocupação de salvar almas, partiu para a Polónia, para trazer à fé os habitantes da Prússia. Mas, foi mal acolhido e recebeu a coroa do martírio a 23 de abril do ano 997, em Téntikken, junto à foz do Vístula, onde foi trespassado pelas lanças de alguns pagãos.

 

Missa

Comum dos mártires: para um mártir no Tempo Pascal;
ou Comum dos pastores da Igreja: para um bispo.

Oração coleta
Senhor nosso Deus,
que destes a coroa do martírio ao bispo santo Adalberto,
inflamado no zelo da salvação das almas,
concedei, pela sua intercessão,
que não falte aos pastores a obediência do rebanho,
nem ao rebanho a solicitude dos pastores.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo,
por todos os séculos dos séculos.

 

Liturgia das Horas

Da vida de Santo Adalberto,
escrita por um autor contemporâneo

(Acta Sanctorum, Abril, III, pp. 186-187)

Com todo O seu corpo abraçou a cruz

Reuniram-se as pessoas à sua volta e, esperando o que o Senhor da cidade estava para fazer, gritavam-lhe furiosamente, como cães raivosos, e perguntavam-lhe quem e de onde era e para que vinha. Então o Santo respondeu com voz serena: «Sou natural da Boémia, de nome Adalberto, monge de profissão, antes bispo e agora vosso apóstolo. O motivo da minha vinda é a vossa salvação, para que, abandonando os vossos ídolos surdos e mudos, reconheçais o vosso Criador, que é o único Deus, porque além d’Ele não há outro; para que, acreditando no seu nome, tenhais a vida e mereçais alcançar o prémio das alegrias celestes nas moradas eternas». Assim falou Santo Adalberto. Eles, porém, continuando na sua feroz indignação, vociferavam contra ele palavras blasfemas e ameaçavam matá-lo.
Chegou ao extremo o furor pagão e, lançando-se impetuosamente sobre ele e seus campanheiros, meteram-nos a todos no cárcere. Estando Santo Adalberto de pé, em frente de Gaudêncio e outro irmão agrilhoado, disse-lhes: «Não estejais tristes. Sabeis que sofremos pelo nome do Senhor, cujo poder está acima de todo o poder, cuja beleza supera toda a formosura, que tem autoridade inexprimível e bondade inefável. Na verdade, que há de mais belo e mais delicioso que dar a vida pelo dulcíssimo Jesus?».
Do furioso bando surgiu o cruel Sigo, que, atirando a seta com todo o ímpeto, lhe atravessou o coração. Enquanto brotava purpúreo sangue pelas feridas de um e outro lado do seu peito, o santo estava de pé, orando com os olhos e as mãos voltados para o céu. Das suas vigorosas veias saía uma corrente brilhante de púrpura e, ao extraírem o dardo, ficaram patentes sete grandes feridas.
Desligado das correntes, estendeu os braços em forma de cruz e com abundantes súplicas clamou ao Senhor pela sua salvação e pela salvação dos perseguidores. Assim se libertou do cárcere aquela santa alma; assim ficou na terra em alongada cuz aquele nobre corpo; assim também, dando a vida com derramamento do seu sangue, foi finalmente habitar com Cristo na bem-aventurança celeste.