Santos

São Martinho I, papa e mártir

 

Nota Histórica

Martinho nasceu em Todi, na Úmbria, região de Itália e pertencia ao clero romano. No ano 649 foi eleito para a cátedra de Pedro. Nesse mesmo ano celebrou o Sínodo de Latrão, em que foi condenada a heresia dos monotelitas. No ano 653 foi preso por ordem do imperador Constante e levado para Constan­tinopla, onde ficou prisioneiro e sujeito a duros sofrimentos. Finalmente, transferido para Quersoneso – hoje, na Ucrânia –, aí morreu no ano 656.

 

Missa

Comum dos mártires: para um mártir ou, no Tempo Pascal;
ou Comum dos pastores da Igreja: para um papa.

Oração coleta
Deus todo-poderoso,
que não deixastes o papa e mártir são Martinho
sucumbir às ameaças e aos tormentos,
dai-nos a graça de enfrentar os embates do mundo
com invencível fortaleza de alma.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo,
por todos os séculos dos séculos.

 

Liturgia das Horas

Das Cartas de São Martinho I, papa

(Epist. 17: PL 87, 203-204) (Sec. VII)

O Senhor está perto: porque me hei-de afligir?

É meu constante desejo escrever-vos para reconfortar a vossa caridade e libertar-vos das preocupações que tendes por minha causa, vós e todos os santos, meus irmãos, que por amor do Senhor tanto se interessam por mim. Também agora vos escrevo acerca dos sofrimentos que me oprimem. Digo-vos a verdade, em nome de Cristo nosso Deus.
Isolado de todo o movimento humano e afastado da responsabilidade apostólica, vivo como se não vivesse. Os naturais desta região são todos pagãos e abraçaram também os costumes pagãos os que vieram para aqui viver; não têm o menor sentimento de caridade e perderam mesmo aquele instinto natural de amor e compaixão que até os bárbaros tantas vezes manifestam.
Surpreendeu-me e continua a surpreender-me a falta de sensibilidade e de compaixão de todos os que me rodeavam e dos meus amigos e parentes: esqueceram-se tão completamente da minha desgraça que nem se interessam por saber como estou, nem se estou ainda neste mundo.
E contudo, acusados e acusadores, não somos todos do mesmo barro e da mesma massa? Não havemos de comparecer todos diante do tribunal de Cristo? E com que consciência nos apresentaremos diante d’Ele? Foi talvez o temor ou o terror que levou aqueles homens a não cumprirem os mandamentos de Deus. Mas como se justifica tal temor? Até esse ponto somos dominados pelo espírito maligno? Até esse ponto fui inimigo da Igreja universal e contrário a essas pessoas?
Mas Deus quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade. Que Ele fortaleça os seus corações na verdadeira fé, por intercessão de São Pedro, e os confirme contra todo o homem herético e inimigo da nossa Igreja. Ele os conserve na fidelidade, especialmente o pastor que está agora à frente deles, para que não se apartem, nem desviem, nem cedam absolutamente em nada daquilo que professaram diante de Deus e dos seus Anjos, e possam receber, juntamente com a minha humilde pessoa, a coroa da justiça e da fidelidade das mãos de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
O Senhor cuidará deste meu pobre corpo como Lhe agradar, quer me deixe em contínuos sofrimentos, quer me conceda algum alívio. O Senhor está perto de mim: porque me hei-de afligir? Espero na sua misericórdia que não tardará a pôr fim à minha carreira, levando-me para onde quiser.
Saudai em nome do Senhor todos os vossos familiares e todos os que por amor de Deus sofreram também com as minhas cadeias. O Altíssimo vos defenda de toda a tentação com a sua mão poderosa e vos salve para o seu reino.