Santos
São João de Deus, religioso
Nota Histórica
[Memória em Portugal]
João de Deus nasceu em Montemor-o-Novo, em Portugal, no ano 1495. Depois duma vida cheia de perigos na carreira militar, o seu desejo de perfeição levou-o a ambicionar coisas maiores e entregou-se ao serviço dos pobres e dos enfermos. Fundou um hospital em Granada, na Espanha, e associou à sua obra um grupo de companheiros, que, mais tarde, constituíram a Ordem hospitalar de são João de Deus. Morreu em Granada, no dia 8 de março de 1550.
Missa
Antífona de entrada Cf. Mt 25, 34.36.40
Vinde, benditos de meu Pai, diz o Senhor. Estive doente e vós Me visitastes.
Em verdade vos digo:
Tudo o que fizestes ao mais pequenino dos meus irmãos, a Mim o fizestes.
Oração coleta
Senhor nosso Deus, que infundistes no coração de são João [de Deus]
um grande espírito de caridade,
concedei-nos que, praticando as obras de misericórdia,
mereçamos ser recebidos entre os eleitos no reino da glória.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo,
por todos os séculos dos séculos.
LEITURA I E SALMO RESPONSORIAL da féria (ou do Comum)
ALELUIA Jo 13, 34
Refrão: Aleluia. Repete-se
Dou-vos um mandamento novo, diz o Senhor:
Amai-vos uns aos outros, como Eu vos amei. Refrão
EVANGELHO Mt 25, 31-40
«O que fizestes a um dos meus irmãos mais pequeninos,
a Mim o fizestes»
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Quando o Filho do homem vier na sua glória com todos os seus Anjos, sentar-Se-á no seu trono glorioso. Todas as nações se reunirão na sua presença e Ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos; e colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda.Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Vinde, benditos de meu Pai; recebei como herança o reino que vos está preparado desde a criação do mundo. Porque tive fome e destes-Me de comer; tive sede e destes-Me de beber; era peregrino e Me recolhestes; não tinha roupa e Me vestistes; estive doente e viestes visitar-Me; estava na prisão e fostes ver-Me’. Então os justos Lhe dirão: ‘Senhor, quando é que Te vimos com fome e Te demos de comer, ou com sede e Te demos de beber? Quando é que Te vimos peregrino e Te recolhemos, ou sem roupa e Te vestimos? Quando é que Te vimos doente ou na prisão e Te fomos ver?’. E o Rei lhes responderá: ‘Em verdade vos digo: Quantas vezes o fizestes a um dos meus irmãos mais pequeninos, a Mim o fizestes’».
Palavra da salvação.
Oração sobre as oblatas
Recebei, Senhor, os dons do vosso povo,
ao celebrarmos o memorial da caridade infinita do vosso Filho,
e, pelo exemplo e intercessão de são João [de Deus],
confirmai-nos no amor para convosco e para com o próximo.
Por Cristo nosso Senhor.
Antífona da comunhão Cf. Jo 13, 35
Todos conhecerão que sois meus discípulos,
se vos amardes uns aos outros, diz o Senhor.
Oração depois da comunhão
Senhor, que nos alimentastes nestes santos mistérios,
dai-nos a graça de seguir os exemplos de são João [de Deus],
que se consagrou a Vós de todo o coração
e praticou incansavelmente a caridade para com o vosso povo.
Por Cristo nosso Senhor.
Liturgia das Horas
Das Cartas de São João de Deus, religioso
(Arq. Geral Ord. Hospit., Caderno: De las cartas..., ff.º 23v-24r; 27rv: O. Marcos, Cartas y escritos de Nuestro Glorioso Padre San Juan de Dios, Madrid, 1935, pp. 18-19; 48-50) (Sec. XVI)
Cristo é fiel e tudo provê
Se consideramos atentamente a misericórdia de Deus, nunca deixaremos de fazer o bem de que formos capazes: com efeito, se damos aos pobres por amor de Deus aquilo que Ele próprio nos dá, Ele promete-nos o cêntuplo na felicidade eterna. Feliz pagamento, ditoso lucro! Quem não dará a este bendito mercador tudo o que possui, se Ele procura o nosso interesse e, com os braços abertos, insistentemente pede que nos convertamos a Ele, que choremos os nossos pecados e tenhamos caridade para com as nossas almas e para com o próximo? Porque assim como o fogo apaga a água, assim a caridade apaga o pecado.
Vêm aqui tantos pobres, que até eu me espanto como é possível sustentar a todos; mas Jesus Cristo a tudo provê e a todos alimenta. Vêm muitos pobres à casa de Deus, porque a cidade de Granada é muito fria, e mais agora que estamos no Inverno. Entre todos – doentes e sãos, gente de serviço e peregrinos – há aqui mais de cento e dez pessoas. Como esta casa é geral, recebe doentes de todos os géneros e condições: tolhidos, mancos, leprosos, mudos, dementes, paralíticos, tinhosos, alguns já muito velhos e outros muito crianças ainda, e por cima disto muitos peregrinos e viajantes, que cá chegam e aqui encontram lume, água, sal e vasilhas para cozinhar os alimentos. E para tudo isto não se recebe renda especial, mas Cristo a tudo provê.
Desta maneira estou aqui muito empenhado e prisioneiro por amor de Jesus Cristo. Vendo-me tão carregado de dívidas que já mal me atrevo a sair de casa, e vendo tantos pobres, irmãos e próximos meus, sofrerem para além das suas forças e serem oprimidos por tantos infortúnios no corpo ou na alma, sinto profunda tristeza por não poder socorrê-los, mas confio em Cristo, que conhece o meu coração. Por isso digo: maldito o homem que confia nos homens e não em Cristo somente; porque dos homens hás-de ser separado, queiras ou não queiras; mas Cristo é fiel e permanece para sempre, Cristo tudo provê. A Ele se dêem graças para sempre. Amen.