Santos

São Teotónio, presbítero

 

Nota Histórica

[Memória em Portugal]
Teotónio nasceu em Ganfei, de Valença do Minho, em Portugal, aproximadamente no ano 1082. Quando Dom Crescónio, seu tio, foi nomeado bispo de Coimbra, levou-o consigo e confiou ao arcediago Dom Telo a sua formação nas disciplinas eclesiásticas. Depois de ordenado presbítero, foi nomeado prior da Igreja da Sé de Viseu. Fez duas peregrinações à Terra Santa. No regresso da segunda peregrinação, insistentemente convidado por Dom Telo e outros dez homens de grande virtude, fundou com eles o mosteiro da Santa Cruz, em Coimbra, de que foi membro eminente e muito admirado, nomeadamente por são Bernardo de Claraval. Teve também papel importante em algumas conjunturas da pátria. Morreu em 1162.

 

Missa

Antífona de entrada Sl 131, 7
Entremos no santuário do Senhor, prostremo-nos a seus pés.

Oração coleta
Senhor nosso Deus,
que, pela palavra e pelo exemplo de são Teotónio,
reformastes a disciplina religiosa,
concedei-nos, por sua intercessão,
que, escolhendo o caminho estreito da perfeição cristã,
mais facilmente alcancemos a vida eterna.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo,
por todos os séculos dos séculos.


LEITURAS Da féria (ou do Comum)


Oração sobre as oblatas
Concedei-nos, Senhor,
que, ao celebrarmos os mistérios da santa cruz,
na festa de são Teotónio,
Vos apresentemos dignamente esta oblação
e participemos na abundância dos seus frutos.
Por Cristo nosso Senhor.

Antífona da comunhão Rm 12, 2
Não vos conformeis com este mundo,
mas renovai o vosso espírito, segundo a vontade de Deus.

Oração depois da comunhão
Pelos santos mistérios que recebemos,
fazei, Senhor, que, a exemplo de são Teotónio,
não nos conformemos com este mundo,
mas sigamos fielmente a vossa vontade.
Por Cristo nosso Senhor.

 

Liturgia das Horas

Da Vida de São Teotónio,
escrita por um autor contemporâneo, seu discípulo

(Port. Mon. Hist., Scriptores I, 80.83) (Sec. XII)

Bom mediador entre Deus e os homens

Desde que foi ordenado sacerdote, Teotónio deu mostras evidentes de grande progresso no caminho da perfeição e santidade. A sua vida era para todo o povo de Deus um admirável exemplo de virtude.
Desempenhava com exímia perfeição as obrigações da sua ordem [sacerdotal]: instruía na fé as gentes rudes e incorporava-as na Igreja pelo baptismo; chamava os pecadores à penitência e, curando-os com a medicina das suas orações e palavras de encorajamento, absolvia-os e reconciliava-os com a Igreja; como bom mediador entre Deus e os homens, a todos ensinava os preceitos divinos e pregava a verdade, apresentava ao Senhor as preces dos fiéis e intercedia diante de Deus pelos pecados do povo, oferecia no altar o sacrifício de expiação, recitava as orações e abençoava os dons de Deus.
Na igreja comportava-se sempre com santa reverência e temor de Deus, e cumpria as funções sagradas com toda a perfeição.
Desprezava a sumptuosidade e as enganadoras seduções do mundo; não se envaidecia com os louvores, nem se exaltava com a riqueza, nem se amargurava com a pobreza.
Há quem o louve pela sua renúncia total às curiosidades, divertimentos, ostentações e coisas semelhantes; eu, porém, considero não menos digna de louvor a sua perfeição na virtude da castidade, comprovada pela circunspecção e prudência em todas as suas acções.
Com a ajuda do Senhor, passarei agora a contar como Teotónio veio a tomar o hábito de Cristo e como viveu na Religião sob a regra de Santo Agostinho. Desde a sua entrada na Religião, ele sobressaía notavelmente entre os demais pela santidade de costumes, extraordinária abstinência e assídua oração. Continuamente dirigia a Deus as suas preces; e, quando deixava de rezar, lançava mão da leitura sagrada, aplicando-se principalmente à Salmodia. Com efeito, além das Horas Canónicas e todo o Ofício Divino, em que se empenhava fielmente com santa reverência e temor de Deus, rezava cada dia todo o Saltério.
O tempo que lhe restava era para se ocupar em exercícios de boas obras ou em diversos serviços do mosteiro.
Longe de transigir com qualquer atractivo de vícios ou vaidades mundanas, era sua constante predilecção o recolhimento, a mansidão, o silêncio e a paz. Finalmente – coisa rara no nosso tempo – foi tão profunda a sua humildade, que parecia querer passar pelo mais esquecido de todos e o último dos servos de Deus.