Santos

São Sarbélio Makhluf, presbítero

 

Nota Histórica

José Makhluf nasceu em Biqa Kafra, localidade do Líbano, no ano 1828. Ingressou na Ordem dos Maronitas Libaneses, onde recebeu o nome de Sarbélio e foi ordenado presbítero. Aspirando a uma solidão radical e a uma perfeição mais elevada, deixou o cenóbio de Anaia, no Líbano, e foi para o ermo, onde serviu a Deus com grande austeridade de vida, contínuos jejuns e orações. Descansou no Senhor no dia 24 de dezembro de 1898.

 

Missa

Comum dos pastores da Igreja: para um pastor;
ou Comum dos santos: para um monge.

Oração coleta
Senhor nosso Deus, que chamastes o presbítero são Sarbélio
ao combate espiritual da vida eremítica
e o enriquecestes com todas as formas de piedade,
fazei que sejamos verdadeiros imitadores da paixão de Cristo,
para merecermos tomar parte no seu reino.
Ele que é Deus e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo,
por todos os séculos dos séculos.

 

Liturgia das Horas

Segunda leitura

Das Cartas de Santo Amónio, eremita
(Ep. 12: PO 10/6, 1973, 603-607) (Sec. IV)
Os que estão unidos a Deus tornam-se médicos das almas

Caríssimos no Senhor, sabeis que, depois da desobediência ao mandato divino, a alma não pode conhecer a Deus se não se afasta dos homens e de todas as ocupações. Então verá com quanta energia o ataca o seu adversário. Mas vendo o adversário que luta com ele e tendo vencido aquele que o combate, então Deus habita na alma e a tristeza converte-se em alegria e júbilo. Aliás, se o combate não é vencido, sobrevém a tristeza, a tibieza com outras muitas coisas e as moléstias de todo o género.
Por isso, os Padres viviam no deserto de modo solitário, como Elias o Tesbita e João. Não penseis que estes foram justos entre os homens por terem entre eles praticado a justiça, mas porque antes estiveram em grande silêncio e, por isso, receberam as virtudes de Deus que neles habitava. Só depois de terem conseguido todas as virtudes, Deus os enviou aos homens, para serem dispensadores de Deus e curar as enfermidades do povo. Eram, de facto, médicos das almas, que podiam curar as suas fragilidades. Por isso, arrancados ao silêncio, foram enviados aos homens; mas só foram enviados quando tinham sido curadas as suas próprias enfermidades. Não é possível que uma alma seja enviada para edificar os homens, enquanto persiste em algumas imperfeições. Quem parte antes de ter conseguido a perfeição, vai por decisão própria e não por vontade de Deus. A propósito destes repreende-os Deus, dizendo: Eu não os enviei, mas eles correm. Como não podem guardar a sua própria alma, muito menos podem guardar as almas dos outros.
Os que são enviados por Deus nunca se afastam voluntariamente do silêncio, porque sabem que adquiriram a virtude divina no silêncio. Mas, como não são desobedientes ao Criador, partem para edificar espiritualmente, imitando o próprio Deus, assim como o Pai enviou do Céu o seu Filho verdadeiro para curar todas as enfermidades e doenças dos homens. Como está escrito: Ele tomou sobre Si as nossas dores e suportou as nossas enfermidades. Por isso, todos os santos que se dirigem aos homens para os curar imitam o Criador em todas as coisas para se tornarem dignos da adopção de filhos de Deus e viverem com o Pai e o Filho pelos séculos dos séculos.
Caríssimos, mostrei-vos a virtude do silêncio, como sara tudo e como é agradável a Deus. Por isso vos escrevi para que sejais fortes na função em que estais ocupados e saibais que todos os santos progrediram pelo poder do silêncio: por ele habitou neles a virtude divina, ele manifestou-lhes os mistérios celestes e pela sua graça destruíram a vetustez deste mundo. E quem vos escreveu isto, chegou a este estado pelo poder do silêncio.
Há nestes tempos muitos anacoretas que não são capazes de perseverar no silêncio, porque não são capazes de vencer a sua própria vontade. Por isso vivem assiduamente entre os homens, incapazes de renunciarem a si mesmos, de evitarem os costumes do mundo e de se empenharem no combate. Assim, abandonando o silêncio, passam o tempo com os seus próximos para se consolar todo o tempo da sua vida. Não foram dignos da suavidade divina nem de que neles habitasse a virtude divina. Quando aparece diante deles a virtude, encontra-os a buscar satisfação no tabernáculo deste mundo e nas paixões da alma e do corpo; e por isso a virtude não pode descer sobre eles. Pelo contrário, o amor ao dinheiro, a vanglória dos homens, todas as enfermidades da alma e as ocupações impedem que desça sobre eles a virtude divina.
Vós, porém, mostrai-vos fortes na condição em que vos encontrais. Aqueles que se afastam do silêncio não podem superar as suas paixões, nem podem lutar contra o seu adversário, porque as suas paixões os dominam. Mas para vós que superais as paixões, esteja convosco a virtude divina.

Responsório Filip 3, 8. 10; Rom 6, 8
R. Considerei tudo como lixo, para ganhar a Cristo. * Assim poderei conhecer Cristo, o poder da sua ressurreição e a participação nos seus sofrimentos.
V. Se morremos com Cristo, também com Cristo viveremos. * Assim poderei conhecer Cristo, o poder da sua ressurreição e a participação nos seus sofrimentos.