Santos

São Nicolau, bispo

 

Nota Histórica

Nicolau foi bispo de Mira, na Lícia, na hodierna Turquia. Ilustre pela sua santidade e pela sua intercessão ante o trono da divina graça, morreu nos meados do século IV e foi venerado em toda a Igreja, sobretudo a partir do século X. Em seu nome floresceram muitas tradições populares e iniciativas de caridade, particularmente ligadas ao Natal.

 

Missa

Comum dos pastores da Igreja: para um bispo.

Oração coleta
Imploramos, Senhor a vossa misericórdia
e, por intercessão do bispo são Nicolau,
guardai-nos de todos os perigos
para que o caminho da salvação seja mais acessível.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo,
por todos os séculos dos séculos.

 

Liturgia das Horas

Do Tratado de Santo Agostinho, bispo, sobre o Evangelho de São João

(Tr. 123, 5; CCL 36, 678-680) (Sec. V)

A força do amor vença o temor da morte

O Senhor pergunta, não uma, mas duas e três vezes o que já sabia: se Pedro O amava; e por três vezes ouve de Pedro repetir que O ama; e por três vezes faz a Pedro a mesma recomendação, de apascentar as suas ovelhas.
À tríplice negação corresponde a tríplice confissão, para que a língua não sirva menos ao amor que ao temor, e não pareça que a iminência da morte o obrigou a falar mais do que a presença da vida.
Seja serviço de amor apascentar o rebanho do Senhor como foi sinal de temor negar o Pastor. Os que apascentam as ovelhas de Cristo como se fossem suas e não de Cristo, mostram que não amam a Cristo mas a si mesmos.
Contra esses, que também o Apóstolo censura dizendo que procuram os próprios interesses e não os de Cristo, estas palavras que o Senhor repete insistentemente são uma séria advertência: Amas-Me? Apascenta as minhas ovelhas.
Quer dizer: se Me amas, não penses em apascentar-te a ti mesmo, mas sim as minhas ovelhas: apascenta-as como minhas, não como tuas; procura nelas a minha glória e não a tua; a minha propriedade e não a tua; os meus interesses e não os teus; não sejas daqueles que nos tempos de perigo só se amam a si mesmos e tudo o que deriva deste princípio, que é a raiz de todo o mal. Os que apascentam as ovelhas de Cristo não se amem a si mesmos; não as apascentem como próprias, mas como de Cristo.
O defeito que mais devem evitar os que apascentam as ovelhas de Cristo consiste em procurar os interesses próprios e não os de Jesus Cristo, destinando ao proveito próprio aqueles por quem Cristo derramou o seu sangue.
O amor de Cristo deve crescer até atingir tal grau de ardor espiritual naquele que apascenta a suas ovelhas, que supere mesmo o natural temor da morte, que nos leva a não querer morrer, ainda que queiramos viver com Cristo.
Mas, por maior que seja o temor da morte, deve ser superado pela força do amor Àquele que, sendo a nossa vida, quis também padecer a morte por nós.
Com efeito, se na morte não houvesse nenhum sofrimento, não seria tão grande a glória dos mártires. Mas, se o Bom Pastor, que deu a vida pelas suas ovelhas, suscitou tantos mártires entre as suas ovelhas, quanto mais devem lutar pela verdade até à morte, e até ao sangue, contra o pecado, aqueles a quem o Senhor confiou a missão de apascentar as suas ovelhas, isto é, de as instruir e orientar?
Perante o exemplo da paixão de Cristo, e ao pensar em tantas ovelhas que já O imitaram, quem não compreende que os pastores devem ser os primeiros a imitar o Pastor? Na verdade, os mesmos pastores são também ovelhas do único rebanho, governado pelo único Pastor. De todos nós Ele fez suas ovelhas, por todos nós padeceu; e, para padecer por todos nós, Ele mesmo Se fez Cordeiro.