Santos

Santo Inácio de Loiola, presbítero

 

Nota Histórica

Inácio nasceu no ano 1491, em Loiola, na Cantábria, região de Espanha. Viveu na corte e no exército, até que, gravemente ferido, se converteu a Deus. Depois, consa­­grando-se totalmente ao Senhor, estudou Teologia em Paris, e aí reuniu os primeiros companheiros, com quem, mais tarde, fundou, em Roma, a Companhia de Jesus, para a maior glória de Deus e ao serviço da Igreja, em obediência total ao sucessor de Pedro. Exerceu intensa atividade apostólica e, particularmente com os seus escritos e com a formação de discípulos, contribuiu grandemente para a reforma da vida cristã e para a renovação da ação missionária. Morreu em Roma, no ano 1556.

 

Missa

Antífona de entrada Cf. Flp 2, 10-11
Ao nome de Jesus todos se ajoelhem no céu, na terra e nos abismos
e toda a língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor
para glória de Deus Pai.

Oração coleta
Senhor nosso Deus,
que suscitastes na vossa Igreja santo Inácio [de Loiola]
para propagar a maior glória do vosso nome,
concedei que, à sua imitação e com o seu auxílio,
combatendo o bom combate na terra,
participemos da sua vitória no céu.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo,
por todos os séculos dos séculos.


LEITURA I 1 Cor 10, 31 __ 11, 1
«Fazei tudo para glória de Deus»

Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
Irmãos: Quer comais, quer bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para glória de Deus. Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à Igreja de Deus. Fazei como eu, que em tudo procuro agradar a toda a gente, não buscando o próprio interesse, mas o de todos, para que possam salvar-se. Sede meus imitadores, como eu o sou de Cristo.
Palavra do Senhor.


SALMO RESPONSORIAL Salmo 33 (34), 2-3.4-5.6-7.8-9.10-11 (R. 9a)
Refrão: Saboreai e vede como o Senhor é bom.

A toda a hora bendirei o Senhor,
o seu louvor estará sempre na minha boca.
A minha alma gloria-se no Senhor:
escutem e alegrem-se os humildes.

Enaltecei comigo o Senhor
e exaltemos juntos o seu nome.
Procurei o Senhor e Ele atendeu-me,
libertou-me de toda a ansiedade.

Voltai-vos para Ele e ficareis radiantes,
o vosso rosto não se cobrirá de vergonha.
Este pobre clamou e o Senhor o ouviu,
salvou-o de todas as angústias.

O Anjo do Senhor protege os que O temem
e defende-os dos perigos.
Saboreai e vede como o Senhor é bom:
feliz o homem que n’Ele se refugia.

Temei o Senhor, vós os seus fiéis,
porque nada falta aos que O temem.
Os poderosos empobrecem e passam fome,
aos que procuram o Senhor não faltará riqueza alguma.


EVANGELHO Mat. 13,31-35


Oração sobre as oblatas
Aceitai benignamente, Senhor nosso Deus,
a oblação que Vos apresentamos,
na celebração de santo Inácio [de Loiola],
e concedei que os santos mistérios,
que instituístes como fonte de toda a santidade,
nos santifiquem na verdade.
Por Cristo nosso Senhor.

Antífona da comunhão Cf. Lc 12, 49
Eu vim trazer o fogo à terra, diz o Senhor;
e que quero Eu senão que ele se acenda?

Oração depois da comunhão
Senhor, este sacrifício de louvor,
oferecido em ação de graças
na celebração de santo Inácio [de Loiola],
nos conduza ao louvor perpétuo da vossa majestade.
Por Cristo nosso Senhor.

 

Liturgia das Horas

Da Autobiografia de Santo Inácio,
redigida pelo Padre Luís Gonçalves da Câmara

(Cap. 1, 5-9: Acta Sanctorum Iulii, 7 [1868] 647) (Sec. XVI)

Examinai os espíritos para ver se vêm de Deus

Inácio gostava muito de ler livros mundanos e fantasistas, que costumam chamar-se «de cavalaria». Quando se sentiu livre de perigo, pediu que lhe dessem alguns deste género para passar o tempo. Mas não se tendo encontrado naquela casa nenhum livro desses, deram-lhe a «Vita Christi» e um livro da vida dos Santos, ambos em vernáculo.
Com a leitura frequente destas obras, começou a ganhar algum gosto pelas coisas que ali estavam escritas. Mas deixando de as ler, detinha-se a pensar algumas vezes naquilo que tinha lido e outras vezes nas coisas do mundo em que antes costumava pensar.
Entretanto, Nosso Senhor vinha em seu auxílio, fazendo com que a estes pensamentos se sucedessem outros, sugeridos pelas novas leituras. De facto, lendo a vida de Nosso Senhor e dos Santos, detinha-se a pensar consigo mesmo: «E se eu fizesse como fez São Francisco e como fez São Domingos?». E reflectia em muitas coisas destas, durante longo tempo. Mas sobrevinham-lhe depois os pensamentos mundanos de que acima se fala, e também neles se demorava longamente. E esta sucessão de pensamentos durou muito tempo.
Mas havia esta diferença: quando se entretinha com os pensamentos mundanos, sentia grande prazer; e logo que, já cansado, os deixava, ficava triste e árido de espírito; quando, porém, pensava em seguir os rigores dos Santos, não somente sentia consolação enquanto neles pensava, mas também ficava contente e alegre depois de os deixar.
No entanto, não advertia nem considerava esta diferença, até que uma vez se lhe abriram os olhos da alma e começou a admirar-se desta diferença e a reflectir sobre ela; e compreendeu por experiência própria que um género de pensamentos lhe deixava tristeza e o outro alegria.
Mais tarde, quando fez os Exercícios Espirituais, foi desta experiência que tomou as primeiras luzes para compreender e ensinar aos seus irmãos o discernimento de espíritos.