Dicionário elementar de liturgia

José Aldazábal

 

concelebração

 

Chama-se concelebração à participação simultânea de mais de um presbítero na celebração da mesma Eucaristia sob a presidência de um celebrante principal, em contraste com as missas individuais, em simultâneo e em vários altares, como era corrente até 1965.
Pode também usar-se esta designação para toda a espécie de celebração conjunta. Desde o louvor dos anjos («socia exsultatione concelebrant»), até à Liturgia das Horas. Mas costuma aplicar-se o termo, especialmente, à celebração da Eucaristia. O Concílio Vaticano II (cf. SC 57) decidiu restaurar ou ampliar o rito da concelebração em muitas situações conservadas já desde séculos anteriores. De tal modo que, presentemente, é de uso corrente, quan¬do estão presentes vários sacerdotes. A regulação deste rito está no seu próprio Ritual, o Ritus servandus in Concelebratione Missæ, promulgado pela primeira vez em 1965 (cf. IGMR 199-251).
Não são fáceis de interpretar os testemunhos antigos da concelebração, tanto da Igreja latina como da oriental. Nos primeiros séculos, era o bispo ou o sacerdote principal o único que assumia o papel presidencial, sublinhando assim o seu ministério de sinal visível e sacramental de Cristo. A decisão actual de também os outros concelebrantes pronunciarem algumas partes da Oração Eucarística – que, no rito anterior, estava reservada ao celebrante presidente – não é uma decisão exclusivamente conciliar, pois que, com Pio XII, em 1957, já a ela se referiu uma resposta do Santo Ofício.
A decisão de se restaurar a concelebração eucarística não se baseia especialmente no inconveniente da pluralidade de missas, ou na necessidade de realçar a solenidade de uma festa, mas por motivos teológico-espirituais.
A concelebração exprime melhor a unidade do sacerdócio: «A concelebração, além disso, manifesta e fortalece os laços fraternos entre os presbíteros, uma vez que “por virtude da comum ordenação sagrada e da missão co¬mum, todos os presbíteros estão unidos entre si por íntima fraternidade”» (EM 47). Põe também em relevo a unidade do sacrifício de Cristo: «visto que todas as missas actualizam o único sacrifício de Cristo», «vários sacerdotes ao mesmo tempo, com uma só vontade, oferecem, realizam e, ao mesmo tempo, participam num só sacrifício por meio de um só acto sacramental». E, finalmente, este modo de celebração do sacramento ressalta a unidade do Povo de Deus: «pois toda a missa, enquanto celebração do sacramento com que continuamente vive e cresce a Igreja... é acção de todo o povo santo de Deus, que actua segundo uma ordem hierárquica» (cf. EM 47; cf. PO 7).
A concelebração aconselha-se de modo particular em ocasiões em que tem mais significação eclesial: a missa crismal, nas ordenações, nas missas estacionais, nos sínodos, na dedicação das igrejas, e, em geral, em todas as celebrações presididas pelo bispo.