Dicionário elementar de liturgia

José Aldazábal

 

Bispo

 

«O Bispo deve ser considerado como o grande sacerdote do seu rebanho, de quem deriva e depende, de al¬gum modo, a vida dos seus fiéis em Cristo. Por isso, todos os diocesanos devem dar a maior importância às celebrações litúrgicas com a participação do Bispo, principalmente na igreja catedral, convencidos de que a principal manifestação da Igreja se realiza numa participação plena e animada de todo o Povo santo de Deus nas mesmas celebrações litúrgicas, sobretudo na mesma Eucaristia, numa única ¬oração, num só altar, onde o Bispo preside rodeado pelo seu presbitério e pelos ministros» (SC 41).
A palavra bispo vem do grego, epi (sobre), e skopos, skopein (vigiar, ins¬pec¬cionar): significaria, portanto, etimologicamente, guardião, inspector. Nas primeiras comunidades paulinas, são assim denominados, quer Timóteo quer Tito (cf. 1Tm 3,1-7; Tt 1,7-9).
Os bispos, sucessores dos Apóstolos, foram constituídos como princípios de fé e unidade na comunidade diocesana, como sacramentos visíveis da presença de Jesus Cristo no meio do seu povo. Tanto na missão de ensinar como na de guia pastoral e missionária, e, de modo especial, na sua função santificadora e cultual, o bispo, como «primeiro liturgo», é o que tem mais responsabilidade e autoridade.
O Concílio dedicou-lhes um documento, Christus Dominus, decreto sobre a função pastoral dos Bispos na Igreja, no qual, os define como «os principais administradores dos mistérios de Deus e os moderadores, promotores e guardas de toda a vida litúrgica» (CD 15). Também a Lumen Gentium, nos números 18-27, descreve o seu serviço pastoral para o bem da comunidade e, em concreto, no número 26, a sua função de ministro principal da celebração litúrgica diocesana.
Relativamente ao seu papel de liturgo e animador da celebração, na introdução ao livro da Liturgia das Ho-ras, diz-se expressamente: «O Bispo é, de modo eminente, o representante visível de Cristo e o sumo-sacerdote do seu rebanho. Dele, em certo sentido, deriva e depende a vida dos seus fiéis em Cristo. Portanto, deve ser ele, entre os membros da sua Igreja, o primeiro na oração. E esta sua oração, quando recita a Liturgia das Horas, é feita sempre em nome da Igreja e a favor da Igreja que lhe está confiada» (IGLH 28).
Apesar de, no Concílio, se falar repetidamente de «consagração episcopal», o novo Ritual das Ordens prefere falar de «ordenação do Bispo», para a qual oferece motivações, textos e ritos renovados na última reforma. Os diálogos, as leituras e, sobretudo, a oração consacratória, realçam a plenitude do sacramento da ordem que o novo bis¬po recebe, para a sua função pastoral na diocese, como representante de Cris¬to. O mesmo exprime plasticamente os ges¬tos simbólicos desta ordenação: o que é fundamental, a imposição das mãos por parte do bispo consagrante e por todos os bispos concelebrantes, e também outros, como o da imposição do livro dos Evangelhos sobre a cabe¬ça, a unção da cabeça, a imposição do anel e da mitra, a entrega do Evangeliário e do báculo, a entronização na sua cátedra e o abraço de acolhi¬men¬to por parte dos outros bispos. É ordenado pelo menos por três bispos, para significar expressivamente a sua agregação ao Colégio Episcopal, sucessor do Colégio Apostólico.
O livro litúrgico Cerimonial dos Bispos é que indica e regula as celebrações em que um bispo intervém.
Na Prece Eucarística da Missa, nomeia-se sempre o bispo da própria diocese, como um sinal claro de uni¬da-de na fé e na caridade, em união com o Bispo, e, através dele, com todo o Colégio Episcopal e com o Papa.

--> Cerimonial dos Bispos. Insígnias pontificais. Ministérios.