Dicionário elementar de liturgia

José Aldazábal

 

ázimo

 

Do latim, azymus, e tal como do grego, azdumos, significa «sem fermento». Diz-se do pão que os judeus empregavam para a celebração da Páscoa («festa dos Ázimos», cf. Lc 22,1), e a liturgia romana ocidental para a Eucaristia: pão sem fermento, sem levedura.
Assim estava prescrito na Lei (cf. Ex 12,8) para a Páscoa e para todo o tipo de sacrifícios (cf. Lv 2,11). Autores judeus, como Filão, interpretaram este pão como não acabado de fazer, pão de precipitação (saída apressada do Egipto: cf. Ex 12,39), pão de aflição (cf. Dt 16,3), pão de pobres, pão natural e sem artifício.
Também entre os cristãos existia uma interpretação simbólica. S. Paulo (1Cor 5,7-8) vê no pão ázimo o símbolo da verdade, contra o erro e o pecado: «Purificai-vos do velho fermento para serdes uma nova massa, visto que sois pães ázimos. Celebremos a festa, não com fermento velho nem com fermento de malícia e perversidade, mas com os pães ázimos da pureza e da verdade.»
Mas, durante os primeiros séculos, não se celebrou a Eucaristia com pão ázimo, mas com pão normal, fermentado. Foi já no século IX, em ambiente franco-germânico, que – segundo autores como *Alcuíno e Rábano Mauro – se foi introduzindo o pão ázimo na celebração Eucarística, para imitar a Páscoa judaica e para acentuar o respeito à Eucaristia, diferenciando o seu pão do da mesa familiar. Roma, de início, opôs-se, mas, mais tarde, aceitou-o e impôs o seu uso.
Os cristãos orientais nunca aceitaram o pão ázimo para a Eucaristia. Foi um dos pontos de litígio (juntamente com o «Filioque»), ainda no primeiro cisma do século IX. Todavia, no século XV (Concílio de Florença de 1439, em decreto para os gregos), admite-se o duplo uso: pão fermentado e pão ázimo.
Actualmente, o Missal Romano (cf. IGMR 320) prescreve que seja ázimo o pão para a Eucaristia, na continuidade da tradição latina. Pode entender-se como pedagógico, para diferenciar o ali¬men¬to eucarístico do normal, e embora, evidentemente, se deva seguir esta nor¬ma litúrgica, não se vê que ela tenha par¬ti¬cular simbolismo. Contrariamente, porém, reconhece-se com forte peso simbólico a prescrição para que, na celebração, o pão «apareça como alimen¬to» e que seja «repartido» (cf. IGMR 321).

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