Dicionário elementar de liturgia

José Aldazábal

 

aclamações

 

Do latim, acclamo, acclamatio (dar voz, normalmente, a favor de alguém, vitoriando-o). É o género mais característico das intervenções de um grupo, uma das formas mais populares de exprimir os sentimentos interiores, tanto na liturgia como no desporto ou outras manifestações sociais. Costumam ser frases rítmicas de aprovação, embora também possam ser de protesto. Quando em Éfeso, se levantou um motim contra Paulo, por instigação dos ourives que viam perigar o seu negócio (cf. Act 19,23ss), a multidão gritava pela rua (Lucas diz que, durante duas horas, e sem saber bem porquê) esta aclamação: «Viva Ártemis dos Efésios.»
Herdamos da liturgia judaica breves aclamações cheias de sentido: Ámen, Aleluia, Hossana. O Apocalipse é também rico em aclamações cristológicas, como «Vem, Senhor Jesus» (22,20), «Marana thá».
Na celebração litúrgica dá-se uma clara prioridade às intervenções breves e unânimes da comunidade e, entre elas, às aclamações. «Têm grande importância os diálogos entre o sacerdote e os fiéis reunidos, bem como as aclamações» (IGMR 34):
• assim, o Kyrie é «um canto em que os fiéis aclamam o Senhor e imploram a sua misericórdia» (IGMR 52);
• antes do Evangelho, com o Aleluia ou versículo equivalente, «a assembleia dos fiéis acolhe e saúda o Senhor, que lhe vai falar, e professa a sua fé pelo canto» (OLM 23);
• depois do Evangelho, «os fiéis veneram o livro dos Evangelhos aclamando o Senhor […] Deste modo, não só se põe em relevo a importância da leitura evangélica, mas se estimula a fé dos *ouvintes» (OLM 17); o Missal oferece várias fórmulas para estas aclamações, sendo possível, cantadas;
• dentro da Oração Eucarística, o Sanctus é uma aclamação de «toda a assembleia, em união com os coros celestes» (IGMR 79);
• depois da Narração da instituição e consagração, as novas pre¬ces do Missal (a partir de 1968) apresentam a novidade da aclamação «memorial»: «Anunciamos, Senhor, a vossa mor¬te…» «Cada vez que comemos…», «Pela vossa cruz e ressurreição»;
• no final da Prece Eucarística está a aclamação do Ámen;
• em geral, a «Prece Eucarística exi¬ge que todos a escutem com revência e silêncio» (IGMR 78), e que tomem parte nela por meio das aclamações previstas no próprio rito. Estas aclamações são muito mais numerosas nas liturgias orientais, no rito hispânico-moçárabe, nas novas Preces Eucarísticas para as Missas com Crianças e na aprovada para o Zaire. Enquanto que o estilo romano sempre foi de maior moderação no seu número.
Outras aclamações da nossa liturgia são, por exemplo, «Vosso é o Reino…», depois do Pai-Nosso, e «Eis a Luz de Cristo», na Vigília Pascal.
É que, como diz o Missal, «as aclamações e as respostas dos fiéis às saudações do sacerdote e às orações constituem aquele grau de participação activa por parte da assembleia dos fiéis, que se exige em todas as formas de celebração da Missa, para que se exprima claramente e se estimule a acção de toda a comunidade» (IGMR 35).