Dicionário elementar de liturgia

José Aldazábal

 

Reconciliação

 

Reconciliar é voltar a conciliar, fazer a união do que estava separado. A mensagem fundamental de Cristo foi a reconciliação com Deus, a conversão e o perdão. E também foi este o conteúdo básico, desde o princípio, da evangelização por parte da Igreja. A comunidade cristã, reconciliada, é encarregada de realizar o mistério da reconciliação: «Tudo isto vem de Deus, que nos reconciliou consigo por meio de Cristo e nos confiou a palavra da reconciliação. […] Nós somos, portanto, embaixadores de Cristo; é Deus quem vos exorta por nosso intermédio. Nós vos pedimos em nome de Cristo: reconciliai-vos com Deus» (2Cor 5,18-20).
O sacramento da Reconciliação ou da Penitência foi dado por Cristo à sua Igreja para que reconcilie o cristão pecador com Deus e com a própria comunidade: duas dimensões que não se podem separar. A introdução do Ritual «Ordo Penitentiæ» (Celebração da Penitência) é a melhor apresentação do que é o processo desta reconciliação. Na fórmula da absolvição, as primeiras palavras que o presidente pronuncia são: «Deus, Pai de misericórdia, que, pela morte e ressurreição de seu Filho, reconciliou o mundo consigo…».
Na história, sobretudo na Liturgia Romana, desde o século IV, que já se celebrava a reconciliação dos penitentes, em Quinta-Feira Santa, preparando assim a celebração próxima da Páscoa. O bispo, com uma oração solene, restabelecia na comunhão da Igreja todos os que tinham percorrido o caminho penitencial. Esta celebração de Quinta-Feira Santa (na Liturgia Hispânica, a celebração era distinta, e fazia--se em Sexta-Feira Santa) continuou no Rito Romano, muito depois de se ter mudado o sistema antigo, rígido e irrepetível, da penitência comunitária. Até ao século XIX, nesta Missa de reconciliação, dava-se uma «absolvição» a todos os fiéis, mas não se considerava uma absolvição sacramental, mas uma oração e bênção sobre todos. Em 1974, Paulo VI publicou duas Orações Eucarísticas sobre a Reconciliação, preparando o Ano Santo da Reconciliação de 1975. Nelas, dá-se graças a Deus pelos diversos aspectos da reconciliação. A primeira tem como título «A reconciliação como retorno ao Pai», e a segunda, «A reconciliação com Deus, fundamento da concórdia humana».

--> Confissão. Penitência.