Dicionário elementar de liturgia

José Aldazábal

 

profissão religiosa

 

Desde os primeiros séculos sempre houve, na Igreja, formas diversas de vida religiosa, embora só mais tarde encontremos testemunhos de ter havido um rito litúrgico de pedido e compromisso, perante os superiores, para admissão daqueles que pretendiam abraçar esse género de vida. Os textos e ritos desta «profissão religiosa» são variados, segundo as comunidades que se iam formando, no Oriente e no Ocidente, no deserto ou nas cidades, em comunidades monásticas ou mendicantes, etc.
Na história destes ritos, temos, por exemplo, a «professio in manibus», nas mãos do superior ou superiora; a «professio super altare», se estava ligada à Missa; «professio super hostiam» (a dos Jesuítas, no século XVI, imediatamente antes de comungar), etc.
A profissão religiosa significa que uma pessoa faz pública «profissão» de que quer viver os conselhos evangélicos numa comunidade religiosa, se compromete por uns anos ou para toda a vida, e é aceite pelos superiores da mesma, em nome da Igreja.
Alguns textos e ritos, com o decorrer dos séculos, chegaram a constituir fórmulas pouco dignas ou consentâneas com os verdadeiros textos litúrgicos. Por isso, o Concílio Vaticano II determinou que se revisse o rito de Consagração das Virgens e, além disso, que se redigisse «um rito de profissão religiosa e de renovação de votos, que contribua para uma maior unidade, sobriedade e dignidade» (SC 80).
De acordo com estas orientações, publicou-se em 1970, o Ordo professionis religiosæ que, em português, se editou em 1970, com segunda edição em 1993: Ritual da profissão religiosa e Ritual da consagração das virgens. Na sua introdução descreve o caminho de preparação e a celebração desta profissão religiosa nas suas diversas etapas: a primeira profissão (temporal), a sua renovação e, sobretudo, a profissão perpétua, que é a mais solene e a que se dá maior significado. Este Ritual Romano propõe-se como um marco e ponto de referência, para que cada família religiosa o adapte ao seu próprio carisma, em ritos e textos, respeitando a estrutura fundamental.
O rito da profissão perpétua tem o seu lugar dentro da Missa, depois da Liturgia da Palavra. Se a categoria do dia o permite, usam-se os textos da missa própria da profissão perpétua. A estrutura da celebração é a seguinte:
• chamamento dos candidatos,
• homilia, que explica e aplica as leituras escutadas à situação das pessoas que abraçam a vida religiosa,
• interrogatório sobre as intenções das pessoas,
• oração litânica da comunidade sobre elas,
• profissão, segundo a fórmula de cada família religiosa,
• bênção e consagração dos recém--professos,
• entrega de símbolos (vestes e insígnias),
• abraço do superior ou superiora e dos professos perpétuos.

--> Consagração das virgens. Religiosos.