Dicionário elementar de liturgia

José Aldazábal

 

assembleia

 

A primeira realidade visível da liturgia cristã é a comunidade reunida, a assembleia.
Em grego, esta congregação de fiéis chama-se synaxis. A palavra assembleia vem do latim, assimulare, que significa juntar de simul, ao mesmo tempo.
No AT (Ex 19-24, 1Rs 8 e Ne 8-9), é frequente encontrar referência às grandes assembleias do Povo de Israel, escutando a Palavra de Deus, dirigindo-lhe a sua oração e celebrando os gestos simbólicos da aliança. O povo sentia-se convocado por Javé, o «qahal Jahvé». No NT, a convocatória produz-se à volta de Jesus Cristo e chama-se sobretudo igreja (ekklesía), povo convocado e congregado. Desde a primeira geração, a assembleia litúrgica é uma realidade importante, no conjunto da vida cristã, embora, desde muito cedo, fosse necessário recordar aos mais preguiçosos: «sem abandonarmos a nossa assembleia – como é costume de alguns –, mas animando-nos» (Heb 10,25).
Ao longo dos séculos, «nunca a Igreja deixou de se reunir em assembleia para celebrar o Mistério Pascal» (SC 6), sobretudo para a Eucaristia dominical, porque o domingo, desde a primeira geração, é o dia por exce-lência da reunião da assembleia cristã.
A motivação não é só pedagógi¬ca ou sociológica – a assembleia litúr-
gica cristã «ultrapassa todas as afini¬dades humanas, raciais, culturais e ¬sociais» (CIC 1097) –, mas sobretudo teológica: «Na celebração da Missa, os fiéis constituem a nação santa, o povo resgatado, o sacerdócio real» (IGMR 95).
O povo sacerdotal, a comunidade dos baptizados, reúne-se para celebrar o mistério da nova aliança, sempre com a convicção da presença, invisível mas real, do seu Senhor, Jesus Cristo, que pro¬meteu: «onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles» (Mt 18,20). A assembleia é o lugar de preferência da presença do Senhor.
Ao mesmo tempo, cada assembleia litúrgica é a realização concentrada e a epifania (manifestação) de toda a Igreja: «O povo de Deus, que se reúne para a Missa… se exprime nos diversos ministérios e diversas acções» (IGMR 294; cf. IGMR 91).
A assembleia cristã é a que celebra a Eucaristia, sob a presidência do ministro que a completa visibilizando o verdadeiro presidente, Cristo: «Na Missa ou Ceia do Senhor, o povo de Deus é convocado e reunido, sob a presidência do sacerdote que actua na pessoa de Cristo, para celebrar o memorial do Senhor ou sacrifício eucarístico» (IGMR 27).
Por isso, ao reformar as celebrações sacramentais e a Liturgia das Horas, tomou-se como um dos critérios fundamentais, o favorecimento da participação activa por parte de toda a assembleia reunida, a oração e o canto nos momentos oportunos, as acções sacramentais nas quais participa, as aclamações e diálogos, etc.
No documento Celebrações na Ausência de Presbítero (1988) da Congregação para o Culto Divino está bem vincada a importância da assembleia litúrgica para o povo cristão: as comunidades sem presbítero não poderão celebrar a Eucaristia, mas sim «a reunião dos fiéis, para manifestar que a Igreja não é uma assembleia formada espontaneamente, mas convocada por Deus, ou seja, o povo de Deus organicamente estruturado, ao qual preside o sacerdote na pessoa de Cristo Chefe» (n. 12). «Nun¬ca se dirá suficientemente a importância capital da assembleia do domingo, quer como fonte de vida cristã de cada pessoa e das comunidades, quer como testemunho do projecto de Deus: reunir todos os homens em seu Filho Jesus Cristo» (n. 50; cf. EDREL 3240. 3278).

--> ADAP. Fiéis. Participação.