Dicionário elementar de liturgia

José Aldazábal

 

Pentecostes

 

Pentekoste hemera significa, em grego, «dia quinquagésimo». Os Judeus chamavam «Pentecostes» ou «Festa das Semanas» à festa da reco¬lec¬ção agrícola (cf. Ex 23,14), que a seguir uniram à recordação festiva da ¬aliança com Javé no Sinai, cinquenta dias após a saída do Egipto (2Cr 15,10-13).
Os cristãos, desde muito cedo, de¬ram este nome tanto à Cinquentena Pascal (as sete semanas de prolongamento da Páscoa) como ao último dia, o quinquagésimo. Este dia esteve sempre marcado pela vinda do Espírito Santo sobre a comunidade apostólica, cinquenta dias após a ressurreição de Jesus (cf. Act 2,1). É, portanto, a plenitude e a maturidade da Páscoa, o melhor dom que o Senhor Ressuscitado fez e continua a fazer à sua comunidade: o seu Espírito. Naquele dia ficou cheia de vida a comunidade cristã e começou a sua abertura missionária, animada pelo Espírito, pregando a mensagem de Cristo a todas as nações.
Ao longo dos últimos séculos, este dia do Pentecostes vinha-se isolando, a pouco e pouco, convertendo-se em «Festa do Espírito Santo», e acrescentando-lhe, além disso, uma oitava, como a das grandes festas. A reforma do calendário corrigiu esta tendência. Suprimiu a oitava (que alongava desnecessariamente a cinquentena e, sobretudo, deu ao Pentecostes o seu verdadeiro carácter de plenitude e de conclusão da Pás-coa. Na colecta da Missa da Vigília diz-se: «Deus eterno e omnipotente, que na festa do Pentecostes completais os cinquenta dias do Mistério Pascal…» E o Prefácio: «Hoje manifes¬tas¬tes a plenitude do Mistério Pascal e sobre os filhos de adopção, unidos em comu¬nhão admirável ao vosso Filho Unigénito, derramastes o Espírito Santo.»
O Missal oferece duas missas: para a Vigília e para o Dia. As leituras, tanto do AT como do NT, e a rica eucologia, ajudam a entender o mistério do Espírito infundido à comunidade pelo Senhor Ressuscitado. Na Vigília, lê-se a cena de Babel com a sua dispersão de línguas (o contrário do Pentecostes, em que todos entendiam a partir da sua própria língua), a experiência do Sinai (cuja linguagem de fogo e vento serve a Lucas para descrever os efeitos do Espírito no Pentecostes), a visão de Ezequiel sobre os ossos que revivem, o anúncio de Joel de que o Espírito é infundido a jovens e adultos, uma página de Paulo que fala de como o Espírito anima a Igreja, e o Evangelho sobre a promessa de Jesus, de que nos dará o seu Espírito como corrente de água viva. Na Missa do Dia escutamos leituras, segundo o *ciclo anual, em que ainda se centra mais o sentido do Pentecostes e a promessa de Cristo enviar o Espírito aos seus.
É característica deste dia a «Sequência» Veni, Sancte Spiritus, atribuída ao arcebispo Langton, de Cantuária (século XIII). Além disso, «favoreça-se a celebração prolongada da Missa da Vigília, que não tem carácter baptismal como a Vigília da Páscoa, mas de oração intensa, segundo o exemplo dos Apóstolos e discípulos, que perseveravam unânimes em oração juntamente com Maria, a Mãe de Jesus, esperando a vinda do Espírito Santo» (CFP 107; EDREL 3217).
Os textos para este Vigília estão nas edições novas do Missal Romano.

--> Cinquentena Pascal. Confirmação. Espírito Santo.