Dicionário elementar de liturgia

José Aldazábal

 

pé (de)

 

A posição «de pé» é a característica do homem, o homo erectus: postura vertical, símbolo da sua dignidade como rei da criação.
Foi a postura de oração mais clássica, tanto para os judeus como para os cristãos dos primeiros séculos. Salomão diz, de pé, a oração de acção de graças, ao dedicar o Templo (cf. 1Rs 8); Jesus, na sinagoga, põe-se de pé para fazer a leitura (cf. Lc 4,16); e, no Apocalipse (7,9) descreve-se: «uma multidão imen¬sa, que ninguém podia contar […]. Estavam de pé, em frente do trono e diante do Cordeiro» (Ap 7,9).
Esta postura reúne em si uma série de significados que a tornam a mais coerente para expressar a atitude de um cristão em muitos momentos de oração, diante de Deus:
• de pé, expressamos o respeito a uma pessoa importante;
• é a atitude que melhor indica a atenção, a prontidão, a disponibilidade, a tensão para uma acção ou uma marcha;
• as acções importantes realizamo-
-las de pé: um político que jura, ao ser investido no seu cargo, ou os noivos que dão o «sim»;
• é sinal de liberdade para um cristão, redimido por Cristo, que participa da dignidade do Ressuscitado;
• e é a postura típica de um sacerdote-mediador, que actua em nome de outros.
Por isso, nas nossas celebrações pomo-nos de pé para a entrada do sacerdote presidente e no começo da celebração; para a escuta do Evangelho, como palavra específica de Cristo; para a Oração Universal (ou dos Fiéis), na qual «o povo, exercitando o seu ofício sacerdotal, roga por todos os homens»; o presidente, quando ora a Deus em nome da comunidade, fá-lo sempre de pé, e a comunidade, por sua vez, também lhe corresponde com a mesma postura; todo o processo da comunhão, desde a Oração Eucarística, a comunidade fá-lo de pé, assim como o próprio acto de comungar, que tem mais sentido que se faça também de pé, como a Igreja em marcha que recebe de Cristo o alimento para o seu caminho (cf. IGMR 286).
Noutras celebrações tem também particular sentido que os protagonistas estejam de pé: no momento de fazer os votos religiosos, no consentimento dos noivos para o matrimónio, ou quando se apresentam os candidatos para a ordenação.

--> Posturas.