Dicionário elementar de liturgia

José Aldazábal

 

iniciação

 

Do latim, initiatio e in-iter, significa introduzir num caminho, aponta para o começo, para a introdução de alguém num novo estado, numa comunidade. A iniciação é um processo presente em muitas religiões, sobretudo nas chamadas mistéricas, e compreende não só um adoutrinamento, mas também uma série de ritos «iniciáticos» que exprimem um novo nascimento, pelo qual alguém é «iniciado» no mistério e admitido como membro de uma comunidade ou grupo.
Também para entrar na comunidade cristã sempre existiu um processo de iniciação. No NT, era simples: evangelização, conversão à fé, Rito baptismal e agregação à Igreja. A pouco e pouco, porém, este caminho de iniciação foi-se desenvolvendo em ritos e em textos. Santo Hipólito, no início do século III, descreve, na sua Traditio apostólica,
as diversas etapas em que, pedagogi¬camente, se organizou o catecumenado, concluindo com a celebração unitária, na Vigília Pascal, dos três sacramentos da iniciação: o Baptis¬mo, a Confirmação e a primeira Eu¬ca-ristia. Esta organização nota-se, com mais clareza, nos livros litúrgicos que aparecem a partir dos séculos V-VI, como o Ordo Romanus XI, que, com de¬talhe, recolhe o itinerário da ini¬ciação.
«Pelos sacramentos da iniciação cristã, os homens, libertos do poder das trevas, mortos com Cristo, e com Ele sepultados e ressuscitados, recebem o Espírito de adopção filial e celebram, com todo o Povo de Deus, o memorial da morte e ressurreição do Senhor. Com efeito, unidos a Cristo, pelo Baptismo… assinalados na Confirmação com o dom do mesmo Espírito… finalmente, participando na assembleia eucarística» (RICA 1-2). Aquilo que, durante séculos, foi um processo unitário dos três sacramentos, culminando na primeira Eucaristia, a pouco e pouco, foi-se fragmentando, no Ocidente, com o Baptismo nos primeiros meses de vida; mais tarde, a Confirmação, cuja administração foi sendo reservada ao bispo; e a primeira Eucaristia, recomendada para a idade do uso da razão. Agora, por motivos pastorais, a Confirmação tende a diferir-se ainda para mais tarde, mantendo-se a idade da primeira Eucaristia. Na Igreja do Oriente, conserva-se a unidade dos três sacramentos.
O Concílio (cf. SC 64-71) determinou que se revisse todo o processo, que se criasse um ritual próprio para crianças e se restabelecesse o cate¬cumenado dos adultos. Os novos li-
vros litúrgicos resultantes são o Ritual do Baptismo das Crianças (1969) 6, o Ritual da Confirmação (1971) 7 e o Ritual da Iniciação Cristã dos Adultos (1972) 8. É possível que se prepare um ritual unificado, com uma introdução geral, além das próprias de cada Ritual.
É no Ritual de Adultos (RICA) onde melhor se vêem as etapas do caminho de iniciação crista: pré-evangelização, evangelização, catecumenado, período de iluminação ou eleição, celebração dos três sacramentos na Noite Pascal, e o tempo de «mistagogia» ou aprofundamento.

--> Baptismo. Catecumenato. Confirmação. Eucaristia.