Dicionário elementar de liturgia

José Aldazábal

 

fogo

 

Desde a Antiguidade, o fogo é considerado um dos quatro elementos da Natureza e um dom altamente apreciado, pelas diversas culturas e povos.
Além dos seus múltiplos – e alguns perigosos – usos práticos, o fogo assume, nas culturas, muitas vezes, a -ima¬gem simbólica do amor, do ódio, da vida, da destruição, da purificação.
Na Bíblia, com frequência, é símbolo da presença purificadora e «terrível» de Deus: «O Monte Sinai todo ele fumegava, porque o Senhor descera sobre ele no meio do fogo» (Ex 19,18; cf. em Ex 3, a visão da sarça ardente por Moisés). Outras vezes significa o juízo de Deus ou o seu castigo eterno.
No Pentecostes, o Espírito de Deus também actuou, em forma de línguas de fogo, transformando a primeira comunidade. O fogo foi sempre um dos símbolos mais expressivos da actuação do Espírito: «como o fogo trans¬forma em si tudo o que atinge, assim o Espírito Santo transforma em vida divina tudo quanto se submete ao seu poder» (CIC 1127; cf. 696).
Na nossa Liturgia, além das lâmpadas e das velas, relacionados com o fogo, aparece este simbolismo na Vigília da noite de Páscoa, com a fogueira da qual se vai acender o novo Círio, símbolo de Cristo. Na dedicação das igrejas, há um rito expressivo: sobre o altar coloca-se um braseiro, acende--se o fogo, e sobre ele se queima o incenso, significando que sobre esse altar, quando se celebrar o sacrifício pascal de Cristo, nele actuará o Espírito, transformando o pão e o vinho e, de seguida, a comunidade, que participe nesse sacrifício.
Também aparece expressivo o simbolismo do fogo, quando, em lugar da inumação ou enterro, se pratica, com espírito cristão, a cremação ou incineração. Sublinha-se assim, como já o fazem outras culturas, a força purificadora da morte e do juízo definitivo de Deus, assim como a oferenda sacrificial do próprio corpo diante de Deus.

--> Incineração.