Dicionário elementar de liturgia

José Aldazábal

 

diálogo

 

Vem do grego, dia-lo¬geo (falar com outro, conversar). Apli¬ca-se em geral ao diálogo entre as pessoas, ou da Igreja com o mundo e as culturas, ou com os irmãos cristãos separados, ou ao diálogo salvífico, entre o homem e Deus.
Em liturgia, pode-se dizer que «cada celebração sacramental é um encontro dos filhos de Deus com o seu Pai, em Cristo e no Espírito Santo. Tal encontro exprime-se como um diálogo, através de acções e de palavras» (CIC 1153). O diálogo é uma das formas mais clássicas e populares de participação:
• o que se estabelece entre o presidente e a comunidade, quando o que preside saúda, dizendo: «O Senhor esteja convosco» e a assembleia responde: «Ele está no meio de nós»;
• o que tem lugar quando o diácono vai proclamar o Evangelho;
• quando o ministro interroga os pais e padrinhos, antes do Baptismo de uma criança, ou com a própria pessoa que se baptiza, se for adulta;
• quando o bispo ou o superior pergunta aos que vão fazer a Profissão religiosa, ou receber a Confirmação ou as ordens sagradas.
O diálogo mais antigo e expressivo é o que precede o Prefácio da Oração Eucarística. A sua forma actual já a encontramos praticamente igual na Tradição apostólica de Santo Hipólito, nos começos do século III. As suas raízes certamente são anteriores, porque é parecido com o diálogo que nas ceias pascais dos judeus se estabelece entre o pai, que preside à refeição, e a família, no momento em que depois da ceia vai abençoar o terceiro cálice.
O diálogo do Prefácio começa com a saudação: «O Senhor esteja con¬vosco» e a sua resposta. Continua com uma preparação anímica para a Ora¬ção Eucarística: «Corações ao alto», o «sursum corda» que já era comentado pelos Padres, como São Cipriano, no século III, e Santo Agostinho, no século IV. E, depois do povo responder: «O nosso coração está em Deus», o presidente convida ao louvor, que é a atitude característica da Oração Eucarística: «De¬mos graças ao Senhor, nosso Deus», ao que a comunidade convencida, responde: «É nosso dever, é nossa salvação», como dando-lhe o seu consentimento, para que dê início à oração, em nome de todos.
O diálogo, juntamente com as saudações e as aclamações, favorece, em grande medida, a ambiência comunitária de uma celebração: «têm grande importância os diálogos entre o sacerdote e os fiéis reunidos, bem como as aclamações. Tais elementos não são apenas sinais externos de celebração colectiva, mas favorecem e realizam a estreita comunhão entre o sacerdote e o povo» (IGMR 34), e «constituem aquele grau de participação activa por parte da assembleia dos fiéis, que se exige em todas as formas de celebração da Missa, para que se exprima claramente e se estimule a acção de toda a comunidade» (IGMR 35).