Dicionário elementar de liturgia

José Aldazábal

 

Confissão

 

A palavra confissão vem do latim, confiteri, que, por sua vez, provém de fateri (falar). Em grego, responde sobretudo a exomologesis, que significa declarar, reconhecer, admitir, confessar.
Pode-se referir a Deus (confessar a grandeza de Deus), a Cristo (dar testemunho, confessar Cristo diante dos homens). Nos primeiros séculos, de modo particular, chamou-se «confessores» aos mártires, que confessaram com a vida a sua fé em Cristo. E chamava-se «altar da confissão» ao altar construído sobre o túmulo de um mártir.
Usa-se muito este termo em relação aos próprios pecados: reconhecer e acusar o pecado diante de Deus (Salmo 31 [32],5; 50[51],5), como se faz na oração penitencial: «Confesso a Deus todo poderoso e a vós, irmãos», que foi incorporada no rito penitencial da Eucaristia: o Missal chama «confissão geral» ao acto penitencial com que se inicia a Missa (cf. IGMR 51).
Mas, chama-se confissão, sobretudo, à acusação dos pecados perante o ministro da Igreja, no sacramento da Reconciliação penitencial. É um dos «actos do penitente» neste sacramento, junto com a dor interior, o propósito e as obras de conversão. Talvez o acto mais característico, na sensibilidade do povo cristão, de tal modo que, durante séculos, a este sacramento se lhe chamou «confissão, ir confessar-se» Além da acusação dos pecados, «este sacramento é também uma “confissão”, reconhecimento e louvor da santidade de Deus e da sua misericórdia para com o homem pecador» (CIC 1424).
O Ritual da Penitência (1974) e, mais tarde, as instruções dos bispos, explicam bem, dentro do processo penitencial, o porquê da confissão: é uma parte necessária do caminho normal da reconciliação do penitente, que, como sinal da sua conversão interior, reconhece a sua falta perante o ministro eclesial e escuta dele a absolvição em nome de Deus e da Igreja. A confissão individual, complementada pela absolvição, é o único modo ordinário mediante o qual os fiéis que pecaram gravemente podem reconciliar-se com Deus e com a Igreja, tanto, quando se acercam do sacramento na sua forma individual, como quando o celebram comunitariamente.
Inclusive, na terceira forma, quando não é possível realizar a confissão individual nem dar a absolvição a cada um pessoalmente, deve haver, nesse momento, segundo o Ritual, uma «confissão geral», ficando a confissão individual ou auricular para quando se puder realizar o processo íntegro. O Ritual (n. 35) descreve esta confissão e absolvição geral. Trata-se de manifestar com algum sinal externo a conversão interior e o desejo de receber a absolvição: o «confesso a Deus», um cântico, uma oração litânica, o Pai-Nosso, e algum sinal corporal como o inclinar a cabeça ou ajoelhar-se.

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