Santos

São Bartolomeu dos Mártires, bispo

 

Nota Histórica

[Memória em Portugal]

Bartolomeu nasceu em Lisboa (Portugal), na paróquia dos Mártires, em 1514. Ingressou na Ordem dos Pregadores, onde exerceu o ministério sacerdotal e regeu a cátedra de Teologia. Foi eleito arcebispo de Braga, onde exerceu com incansável diligência e eficácia uma intensa atividade apostólica. Fomentou a evangelização do povo, para o qual preparou um catecismo ou doutrina cristã e práticas espirituais, e preocupou-se com a santidade e cultura do clero. Participou no Concílio de Trento, com uma atuação que mereceu o elogio do papa e o aplauso dos seus pares. Em vista da execução das reformas tridentinas, efetuou um Sínodo Diocesano e um Concílio Provincial e promoveu a fundação do Seminário, dito «conciliar», para conveniente formação dos presbíteros. Finalmente, tendo renunciado ao arcebispado, recolheu ao convento de Santa Cruz de Viana do Castelo, construído por sua iniciativa, onde prosseguiu a vida austera de simples religioso, dedicado à oração, caridade e estudo. Aí faleceu em 16 de julho de 1590.

 

Missa

Antífona de entrada Cf. Ez 34, 11.23.24
Eu cuidarei das minhas ovelhas, diz o Senhor.
Escolherei um pastor que as apascente.
Eu, o Senhor, serei o seu Deus.

Oração coleta
Senhor nosso Deus,
que dotastes de grande caridade apostólica o bispo são Bartolomeu,
protegei sempre a vossa Igreja,
de modo que, assim como ele foi glorioso na sua solicitude pastoral,
também nós sejamos, pela sua intercessão,
sempre fervorosos no vosso amor.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo,
por todos os séculos dos séculos.


LEITURA 4 1 Cor 9, 16-19.22-23
«Ai de mim se não evangelizar!»

Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios

Irmãos:
Anunciar o Evangelho não é para mim um título de glória,
é uma obrigação que me foi imposta.
Ai de mim se não anunciar o Evangelho!
Se o fizesse por minha iniciativa,
teria direito a recompensa.
Mas, como não o faço por minha iniciativa,
desempenho apenas um cargo que me está confiado.
Em que consiste, então, a minha recompensa?
Em anunciar gratuitamente o Evangelho,
sem fazer valer os direitos que o Evangelho me confere.
Livre como sou em relação a todos,
de todos me fiz escravo, para ganhar o maior número possível.
Com os fracos tornei-me fraco,
a fim de ganhar os fracos.
Fiz-me tudo para todos,
a fim de ganhar alguns a todo o custo.
E tudo faço por causa do Evangelho,
para me tornar participante dos seus bens.
Palavra do Senhor.


SALMO RESPONSORIAL Salmo 39 (40), 2 e 4ab.7-8a.8b-9.10 e 11bd
(R. 8a e 9a)

Refrão: Eu venho, Senhor, para fazer a vossa vontade.

Esperei no Senhor com toda a confiança
e Ele atendeu-me.
Pôs em meus lábios um cântico novo,
um hino de louvor ao nosso Deus.

Não Vos agradaram sacrifícios nem oblações,
mas abristes-me os ouvidos.
Não pedistes holocaustos nem expiações;
então clamei: «Aqui estou!

De mim está escrito no livro da Lei
que faça a vossa vontade.
Assim o quero, ó meu Deus,
a vossa Lei está no meu coração».

Proclamei a justiça na grande assembleia,
não fechei os meus lábios, Senhor, bem o sabeis.
Proclamei a vossa fidelidade e salvação
no meio da grande assembleia.


EVANGELHO Mt 9, 35-38
«A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos»

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo,
Jesus percorria todas as cidades e aldeias,
ensinando nas sinagogas,
pregando o Evangelho do reino
e curando todas as doenças e enfermidades.
Ao ver as multidões, encheu-Se de compaixão,
porque andavam fatigadas e abatidas,
como ovelhas sem pastor.
Jesus disse então aos seus discípulos:
«A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos.
Pedi ao Senhor da seara
que mande trabalhadores para a sua seara».
Palavra da salvação.


Oração sobre as oblatas
Olhai, Senhor, para os dons que trazemos ao vosso altar,
ao celebrarmos o bispo são Bartolomeu,
pastor vigilante e exemplo admirável de santidade,
e, pela virtude deste sacrifício,
dai-nos a graça de produzir abundantes frutos de boas obras.
Por Cristo nosso Senhor.

Antífona da comunhão Cf. Jo 10, 10
Eu vim para que tenham vida
e a tenham em abundância, diz o Senhor.

Oração depois da comunhão
Nós Vos pedimos, Deus todo-poderoso,
que a participação na mesa celeste,
ao celebrarmos o bispo são Bartolomeu,
confirme e aumente em nós o poder da vossa graça,
para que, observando os seus ensinamentos,
conservemos intacto o dom da fé
e sigamos fielmente o caminho da salvação.
Por Cristo nosso Senhor.

 

Liturgia das Horas

Do “Compêndio de Doutrina Espiritual” do S. Bartolomeu dos Mártires, bispo

(Obras completas, vol. IX , Lisboa 2000, p. 190-191) (Sec. XVI)

Exposição anagógica da Oração Dominical

Pai. Por natureza e graça, nos comunicastes o ser, os sentidos e os movimentos naturais, bem como a essência da graça, isto é, o seu movimento, que nos faz viver.
Nosso. Porque, com a concessão liberal da vossa bondade, gerais em cada dia muitos filhos segundo o ser espiritual da graça e do amor.
Que estais nos céus. Quer dizer, que habitais admiravelmente naqueles que são chamados a viver no Céu, isto é, que estão firmes no vosso amor, sempre movidos pela assiduidade dos desejos sublimes, como se estivessem ornados de estrelas, o mesmo é dizer, de virtudes.
Santificado seja o vosso nome. Realize-se em mim, sem nada de terreno, o vosso nome, com a purificação de todos os afectos mundanos.
Venha a nós o vosso reino. Reina inteiramente e sempre em mim, não só para que não haja nenhum movimento ou acto contra os vossos preceitos, mas para que todas as minhas acções sejam feitas com a aprovação da vossa providência. São Bernardo, no comentário septuagésimo terceiro ao Cântico dos Cânticos, expõe esta matéria do segundo advento, dizendo: “Oh se acabasse já este mundo e se manifestasse o vosso reino! Isto é o que ardentemente deseja a esposa, ou seja, a Igreja”.
Seja feita a vossa vontade. Nos homens da terra como nos habitantes do Céu, isto é, nos firmes, nos que sempre estão em crescimento, ornados de estrelas, como acima dissemos.
O pão nosso de cada dia. Ó Pai, se não mandardes, lá do alto, o pão do fervor e da consolação espiritual, todos os dias e a todas as horas, depressa desfaleceremos e iremos procurar pão vilíssimo de consolações exteriores. Enviai-nos, Pai benigníssimo, as migalhas daquela mesa opulentíssima, pois se com elas (quer dizer, com os actos de amor unitivo) não for alimentado todos os dias, perderei por certo, o vigor da fortaleza.
Perdoai-nos as nossas dívidas. Perdoai o castigo devido até pelos mais leves pecados. Detesto-os, odeio-os, porque fazem obscurecer o raio da vossa luz e tornam tíbio o fervor do meu amor.
Não nos deixeis cair em tentação. Quanto mais Vos amo, benigníssimo Senhor, mais temo separar-me de Vós, considerando a fragilidade da minha carne e a astúcia das investidas do inimigo. Não permitais, que alguma vez eu ceda às suas carícias ou ciladas, mas livrai-me das muitas inclinações para o mal, bem como das penas do Purgatório, na medida em que podem adiar a vossa dulcíssima visão.