Dicionário elementar de liturgia

José Aldazábal

 

Breviário

 

Do latim, breviarium quer dizer resumo, abreviação. Tertuliano chama ao Pai-Nosso «breviarium totius Evangelii» (resumo de todo o Evangelho) (cf. De oratione 1).
Até ao século X, o Ofício Divino esteve disperso por vários livros – saltério, *homiliário, *hinário, antifo¬nário, oracional. A partir de então, ¬verificou-se um processo de concentração, à custa da redução de vários elementos, especialmente das leituras e cânticos, tomando o nome de Breviarium. O Breviarium secundum consuetudinem romanae curiae foi o que ficou mais conhecido, devido ao trabalho da sua difusão por parte dos Frades Menores, no século XIII. O Breviário, de certo mo¬do, servia melhor à progressiva adopção da oração indi¬vidual, à medida que se ia abandonando a prática da oração em coro, comu¬nitária.
Este Breviário, no entanto, também foi sofrendo uma longa evolução, passando, por exemplo, pela famosa edição do cardeal Quinhonez, nos princípios do século XVI, e, sobretudo, pelo que ficou conhecido por Breviário de S. Pio V, com algumas alterações introduzidas pelo Concílio de Trento (em 1568). «O Concílio Tridentino, por falta de tempo, não conseguiu terminar a reforma do Breviário, confiando esse encargo à Sé Apostólica. […] Nos séculos posteriores, foram introduzidas diversas inovações pelos Sumos Pontífices Sisto V, Clemente VIII, Urbano VIII, Clemente XI e outros. […] S. Pio X, em 1911, mandou publicar o novo Breviário. […] Todo o trabalho da ¬reforma litúrgica foi de novo reas¬sumido por Pio XII. […] Os frutos de trabalho tão cuidadoso começaram a aparecer com o Decreto sobre a sim¬plificação das rubricas, de 23 de Março de 1955, assim como as normas so¬bre o Breviário que João XXIII publicou no Código de Rubricas, em 1960» (Constituição Apostólica de Paulo VI, 1970).
Já nos nossos dias, o Concílio Vatican II, através da Constituição Sacrosanctum Concilium sobre a Sagrada Liturgia (1963), procedeu à reforma definitiva do Ofício Divino. Ao Breviário, foi-lhe retirado este nome e aposto o de Liturgia das Horas, foi suprimida a hora de Prima (primeira hora canónica, 6 da manhã), autorizada a sua tradução para as línguas vernáculas e ficou estruturado da seguinte forma: Laudes, Vésperas e Completas, e Horas Intermédias (Matinas, Tercia, Sexta e Noa). A tradução portuguesa está organizada em quatro volumes (Advento-Natal, Quaresma-Páscoa, um volume cada; e Tempo Comum, em dois volumes) e ainda, num volume aparte, a Liturgia das Horas abreviada.

--> Liturgia das Horas.