Dicionário elementar de liturgia

José Aldazábal

 

Te Deum

 

É um hino que se reza com frequência no ofício de Leitura da Liturgia das Horas. Também se entoa como grande hino de acção de graças, em ocasiões solenes da Igreja ou, inclusive, dos países cristãos, com a sua melodia gregoriana ou alguma das suas muitas partituras polifónicas, algumas muito famosas, como as de Mozart, Haendel, Bruckner ou Charpentier.
Não se sabe com segurança a sua origem: atribui-se a vários autores, como Ambrósio, Agostinho, Nicetas… Provavelmente, é do século V. O que se sabe é que no século VI já tinha entrado na oração monástica e já se considerava um hino tradicional da Igreja.
É como uma doxologia prolongada ou como um Prefácio desenvolvido (inclui também o «Santo, Santo, Santo»). A sua estrutura é trinitária: um bloco dedicado ao louvor do Pai («Nós vos louvamos, ó Deus» «Te Deum laudamus»), citando os anjos, todo o cosmo, os apóstolos, profetas, mártires e toda a Igreja como partícipes neste louvor. Segue o louvor ao Filho e ao Espírito. Mas espraia-se mais em Cristo, nascido da Virgem Maria, morto e ressuscitado, triunfante à direita do Pai, e juiz que virá no final dos tempos. Termina, propriamente, pedindo a Cristo que ajude os que salvou e os leve à glória com Ele («æterna fac cum sanctis tuis in gloria numerari»).
Os versículos que se seguem («salvum fac populum tuum, Domine», «salvai o vosso povo, Senhor»…) são um aglomerado de citações sálmicas, que originariamente não pertenciam ao Te Deum e que se entendem melhor como ladainha de petições para a oração da manhã.
Actualmente, diz-se o Te Deum «nos domingos fora da Quaresma, nos dias das oitavas da Páscoa e do Natal, nas solenidades e festas, após a segunda leitura (do Ofício de Leitura) […]. Querendo, pode-se omitir a última parte deste hino, desde o verso “Salvai, Senhor, o vosso povo” até ao fim» (IGLH 68). Portanto, nas memórias e nas férias não se diz. Também se canta nas vigílias prolongadas, que são um Ofício de Leitura mais desenvolvido (cf. IGLH 73).