Dicionário elementar de liturgia

José Aldazábal

 

diácono

 

Em grego, significa «servidor».
O autêntico diácono foi o próprio Cristo, o que se identificou com a figura do Servo de Javé, anunciado por Isaías, e disse que não tinha vindo para ser servido mas para servir. Ele deu o mesmo encargo aos discípulos: que fossem os servidores de todos.
Nos textos do NT e dos primeiros séculos já são mencionados os diáconos, entre os pastores da comunidade cristã, colaborando com os bispos e presbíteros. Estes diáconos eram tidos em grande consideração. O livro dos Actos (cf. Act 6) fala da eleição dos primeiros sete, entre eles o protomártir Santo Estêvão. Nas cartas de Santo Inácio, nos começos do século II, e noutros escritos dos Padres Apostólicos, expri¬me-se o apreço pelo ministério que, na comunidade, realizam os diáconos, em união e ao serviço do bispo. Na igreja de Roma tornou-se famoso o diácono São Lourenço, administrador dos bens da comunidade e da beneficência para com os pobres. No Oriente, o mais famoso foi Santo Efrém. As chamadas «diaconisas», nos primeiros séculos, eram as mulheres que ajudavam a comunidade em diversos ministérios, também litúrgicos, mas sem uma ordenação sacramental.
O Concílio Vaticano II restabeleceu o diaconado «como grau próprio ou permanente», no ministério eclesial, distinto do que se recebe como primeiro degrau para o sacerdócio (cf. LG 29; AG 16). O diaconado permanente, que se tinha perdido por volta do século IX, e que agora se restabeleceu, podem-no receber também os casados. O modo de aceder a este ministério do diaconado e o seu exercício na comunidade foi objecto de outros importantes documentos: o motu proprio de Paulo VI, em 1967, Sacrum Diaconatus ordinem (cf. EDREL 2561-2599), o motu proprio do mesmo Papa, de 1972, Ad pascendum (cf. EDREL 1535-1553) 5.
Os diáconos constituem o grau inferior da hierarquia ministerial na Igreja, ao serviço dos presbíteros e dos bispos. «Recebem a imposição das mãos “não para o sacerdócio mas para o ministério”. Assim, confortados pela graça sacramental, servem o Povo de Deus nos ministérios da liturgia, da palavra e da caridade, em comunhão com o bispo e seu presbitério» (LG 29 e cf. OBPD).
Esta citação assinala os campos do serviço diaconal, na comunidade cristã: a) a liturgia, na qual assistem ao pres¬bítero ou ao bispo na proclamação do ¬Evangelho, na distribuição da Eucaristia e na direcção da oração comunitária; podem presidir ao sacramento do Baptismo e assistir e abençoar o Matrimónio; b) a Palavra, que proclamam e às vezes comentam na homilia, sendo também os coordenadores da catequese e da evangelização; c) a caridade, cuidando da beneficência e da administração comunitária.
O Ritual das Ordenações, que na sua edição típica em latim apareceu no ano de 1968 e, em português, em 1970, é o livro litúrgico que estabelece os ritos e textos da ordenação de diáconos. A sua segunda edição típica em latim foi publicada em 1989, desta vez com Preliminares, que a primeira não tinha (cf. EDREL 1028-1038; para os diáconos EDREL 1078-1110).
A ordenação dos diáconos tem como características os seguintes elementos: o diálogo sobre o celibato e a oração da Liturgia das Horas, as ladainhas dos Santos, a imposição das mãos por parte do bispo, a oração consacratória, a imposição da estola e da dalmática, a entrega do livro dos Evangelhos e o beijo da Paz, por parte do bispo e dos diáconos presentes.
A parte central da oração consacratória diz assim: «Enviai sobre eles, Senhor, nós Vos pedimos, o Espírito Santo, que os fortaleça com os sete dons da vossa graça, a fim de exercerem com fidelidade o seu ministério» (OBPD 207). A ordenação «configura [os diáconos] com Cristo, que se fez “diácono”, isto é, o servo de todos» (CIC 1570).
A sua veste própria é a *túnica, com a estola cruzada do ombro esquerdo, e a dalmática, sobretudo em celebrações mais solenes.

--> Ordem, ordenação.