Santos

São Silvestre I, papa

 

Nota Histórica

Silvestre viveu na época da transição entre as últimas perseguições e a era de paz inaugurada pelo imperador Constantino. Eleito bispo da Sé Romana no ano 314, governou a Igreja durante vinte anos. No seu pontificado foram edificadas as venerandas basílicas romanas e o Concílio de Niceia aclamou Cristo como Filho de Deus. Foi também neste tempo que o cisma donatista e a heresia ariana provocaram graves danos ao povo cristão. Morreu em 335 e, neste dia, o seu corpo foi sepultado no cemitério de Priscila, na via Salária.

 

Missa

Comum dos pastores da Igreja: para um papa.

Oração coleta
Vinde, Senhor, em auxílio do vosso povo,
que confia na intercessão do papa são Silvestre,
para que conduzido por Vós ao longo da vida presente,
mereça alcançar a felicidade da vida eterna.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo,
por todos os séculos dos séculos.

 

Liturgia das Horas

Da “História Eclesiástica”, de Eusébio da Cesareia, bispo

(L. 10, 1-3: PG 20, 842-847) (Sec. IV)

A paz de Constantino

A Deus todo-poderoso e rei do universo seja dada glória por todas as coisas; dêmos graças ao Salvador e Redentor das nossas almas, Jesus Cristo, por meio do qual pedimos que se conserve a nossa paz firme e estável, livre de todos os perigos exteriores e de todas as perturbações e adversidades espirituais.
O dia sereno e claro, não obscurecido por nenhuma nuvem, iluminava com sua luz celeste as Igrejas de Cristo espalhadas pelo mundo inteiro. Até aqueles que não formavam parte da nossa comunidade cristã podiam gozar, se bem que não tão plenamente como nós, ao menos alguma parte ou um reflexo daqueles bens que Deus nos tinha concedido.
Para nós, que colocamos toda a nossa esperança em Cristo, uma alegria indescritível e uma felicidade quase divina iluminava os nossos rostos, ao contemplarmos como todos aqueles lugares que tinham sido arrasados pela impiedade dos tiranos reviviam agora, como se ressuscitassem duma longa e mortal devastação. Víamos os templos levantarem-se das suas ruínas até uma altura infinita e resplandecer com um culto e um esplendor muito maior que o daqueles que tinham sido destruídos.
Oferecia-se ao nosso olhar o espectáculo, por nós tão intensamente desejado: as festas da dedicação de novas Igrejas em todas as cidades e da sagração de Igrejas recentemente construídas, as assembleias de bispos, a afluência de inumeráveis peregrinos procedentes das mais longínquas regiões, os sentimentos de mútua caridade e benevolência dos povos, unidos entre si como membros do Corpo de Cristo.
Assim se cumpria o oráculo profético que antecipadamente e de modo misterioso anunciava o que havia de suceder: o osso se adaptava ao osso e a juntura à juntura, bem como outras muitas palavras proféticas obscuras e enigmáticas.
A mesma força do Espírito divino circulava por todos os membros; tinham todos uma só alma; em todos o mesmo ardor da fé; em todos o mesmo cântico de louvor a Deus.
Eram perfeitíssimas as cerimónias dos bispos e os sacrifícios que os sacerdotes ofereciam; os ritos da Igreja celebravam-se com uma majestade quase divina; cantavam-se os salmos, escutavam-se as palavras divinamente inspiradas; realizavam-se os divinos e arcanos mistérios e comunicavam-se os místicos símbolos da paixão salvadora.
Uma multidão em festa, de homens e mulheres, de gente de todas as idades, glorificava a Deus, autor de todos os bens, com orações e acções de graças.