Santos
São Francisco Xavier, presbítero
Nota Histórica
Memória
Francisco nasceu no castelo de Xavier, em Navarra, na Espanha, no ano de 1506. Quando estudava em Paris, juntou-se ao grupo de Inácio de Loiola. Foi ordenado presbítero em Roma, no ano de 1537, e dedicou-se a obras de caridade. Em 1541 partiu para o Oriente. Evangelizou incansavelmente, durante dez anos, inumeráveis povos da Índia, das Molucas e outras ilhas. Depois, no Japão, converteu muitos à fé. Finalmente, consumido pela enfermidade e pela fadiga, morreu na ilha de Sanchoão, às portas da China, no ano 1552.
Missa
Antífona de entrada Sl 17, 50; 21, 23
Eu Vos louvarei, Senhor, entre os povos
e anunciarei o vosso nome aos meus irmãos.
Oração coleta
Senhor nosso Deus, que, pela pregação de são Francisco Xavier,
chamastes muitos povos para Vós,
concedei aos fiéis o mesmo zelo da fé,
e a santa Igreja se alegre por ver crescer o número dos seus filhos.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo,
por todos os séculos dos séculos.
LEITURA I 1 Cor 9, 16-19.22-23
«Ai de mim se não evangelizar!»
Consciente de que o chamamento ao apostolado é um encargo confiado por Deus, S. Francisco Xavier viveu com inquebrantável fidelidade, total desinteresse e extraordinário zelo apostólico, a sua missão. A ordem do Senhor – «Proclamai a Boa Nova a todas as criaturas» (Mc. 16, 15) – fazia-lhe vencer todas as dificuldades. «Suportar todos estes trabalhos por amor d'Aquele por Quem os devemos suportar, eis a grande alegria» (Carta de 1542).
Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
Irmãos: Anunciar o Evangelho não é para mim um título de glória, é uma obrigação que me foi imposta. Ai de mim se não anunciar o Evangelho! Se o fizesse por minha iniciativa, teria direito a recompensa. Mas, como não o faço por minha iniciativa, desempenho apenas um cargo que me está confiado. Em que consiste, então, a minha recompensa? Em anunciar gratuitamente o Evangelho, sem fazer valer os direitos que o Evangelho me confere. Livre como sou em relação a todos, de todos me fiz escravo, para ganhar o maior número possível. Com os fracos tornei-me fraco, a fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, a fim de ganhar alguns a todo o custo. E tudo faço por causa do Evangelho, para me tornar participante dos seus bens.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 95 (96), 1-2a.2b-3.7-8a.10 (R. 3)
Refrão: Anunciai em todos os povos as maravilhas do Senhor.
Cantai ao Senhor um cântico novo,
cantai ao Senhor, terra inteira,
cantai ao Senhor, bendizei o seu nome.
Anunciai dia a dia a sua salvação,
publicai entre as nações a sua glória,
em todos os povos as suas maravilhas.
Dai ao Senhor, ó família dos povos,
dai ao Senhor glória e poder,
dai ao Senhor a glória do seu nome.
Dizei entre as nações: «O Senhor é Rei»,
sustenta o mundo e ele não vacila,
governa os povos com equidade.
ALELUIA Mt 28, 19a.20b
Refrão: Aleluia. Repete-se
Ide e ensinai todos os povos, diz o Senhor:
Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos. Refrão
EVANGELHO Mc 16, 15-20
«Foi elevado ao Céu e sentou-Se à direita de Deus»
Angustiado por não poder realizar o seu sonho de levar o Evangelho a todos os povos da imensa Ásia, S. Francisco Xavier escreve aos seus antigos colegas da Universidade de Paris uma carta patética, que é um veemente apelo, saído do seu coração de Apóstolo. É necessário – diz-lhes ele – que não se contentem com uma vida confortável e uma glória puramente humana. Que eles não fechem os ouvidos ao apelo de multidões incontáveis, que ignoram ainda que Cristo veio salvá-las!
Este apelo do Apóstolo das Índias continua o ser dirigido aos jovens do nosso tempo.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo, Jesus apareceu aos onze Apóstolos e disse-lhes: «Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura. Quem acreditar e for baptizado será salvo; mas quem não acreditar será condenado. Eis os milagres que acompanharão os que acreditarem: expulsarão os demónios em meu nome; falarão novas línguas; se pegarem em serpentes ou beberem veneno, não sofrerão nenhum mal; e quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados». E assim o Senhor Jesus, depois de ter falado com eles, foi elevado ao Céu e sentou-Se à direita de Deus. Eles partiram a pregar por toda a parte e o Senhor cooperava com eles, confirmando a sua palavra com os milagres que a acompanhavam.
Palavra da salvação.
Oração sobre as oblatas
Aceitai, Senhor, os dons que Vos apresentamos,
na comemoração de são Francisco Xavier,
e, assim como ele foi para terras distantes,
levado pelo desejo da salvação dos homens,
também nós, dando testemunho eficaz do Evangelho,
nos apressemos a ir ao vosso encontro com os irmãos.
Por Cristo nosso Senhor.
Antífona da comunhão Mt 10, 27
O que vos digo às escuras dizei-o à luz do dia;
e o que escutais ao ouvido proclamai-o em toda a terra.
Oração depois da comunhão
A celebração destes santos mistérios, Senhor nosso Deus,
desperte em nós o ardor da caridade,
que levou são Francisco Xavier
a trabalhar incansavelmente pela salvação das almas,
de modo que, vivendo dignamente a nossa vocação,
consigamos, com ele, a recompensa prometida aos bons trabalhadores.
Por Cristo nosso Senhor.
Liturgia das Horas
Das cartas de São Francisco Xavier, presbítero, a Santo Inácio
(Cartas de 20 de Out. de 1542 e 15 de Janeiro de 1544: Epist. S. Francisci Xaverii aliaque eius scripta, ed. G. Schurhammer — I. Wicki, t. I: «Mon. Hist. Soc. Iesu» 67, Romae, 1944, pp. 147-148; 166-167)
Ai de mim se não anunciar o Evangelho
Viemos por povoações de cristãos, que se converteram há uns oito anos. Nestes sítios não vivem portugueses, por a terra ser muitíssimo estéril e extremamente pobre. Os cristãos destes lugares, por não terem quem os instrua na nossa fé, somente sabem dizer que são cristãos. Não têm quem lhes diga Missa e, ainda menos, quem lhes ensine o Credo, o Pai-Nosso, a Ave-Maria e os Mandamentos. Quando eu chegava a estas povoações, baptizava todas as crianças por baptizar. Desta forma, baptizei uma grande multidão de meninos que não sabiam distinguir a mão direita da esquerda. Ao entrar nos povoados, as crianças não me deixavam rezar o Ofício divino, nem comer, nem dormir, e só queriam que lhes ensinasse algumas orações. Comecei então a saber por que é deles o reino dos Céus. Como seria ímpio negar-me a pedido tão santo, comecei pela confissão do Pai, do Filho e do Espírito Santo, pelo Credo, Pai-nosso, Ave-Maria, e assim os fui ensinando. Descobri neles grande inteligência. Se houvesse quem os instruísse na fé, tenho por certo que seriam bons cristãos.
Muitos deixam de se fazer cristãos nestas terras, por não haver quem se ocupe de tão santas obras. Muitas vezes me vem ao pensamento ir aos colégios da Europa, levantando a voz como homem que perdeu o juízo e, principalmente, à Universidade de Paris, falando na Sorbona aos que têm mais letras que vontade para se disporem a frutificar com elas. Quantas almas deixam de ir à glória e vão ao inferno por negligência deles! E, se assim como vão estudando as letras, estudassem a conta que Deus Nosso Senhor lhes pedirá delas e do talento que lhes deu, muitos se moveriam a procurar, por meio dos Exercícios Espirituais, conhecer e sentir dentro de suas almas a vontade divina, conformando-se mais com ela do que com suas próprias afeições, dizendo: «Senhor, eis-me aqui; que quereis que eu faça? Mandai-me para onde quiserdes; e se for preciso, até mesmo para a Índia».