Santos
São Calisto I, papa e mártir
Nota Histórica
Diz‑se que Calisto foi escravo. Tendo alcançado a liberdade, foi ordenado diácono pelo papa Zeferino, a quem sucedeu na cátedra de Pedro. Sendo diácono, depois de um longo exílio na ilha da Sardenha, teve a seu cuidado o cemitério da Via Ápia, que é designado com o seu nome, onde deixou para veneração da posteridade as memórias dos mártires. Promoveu a reta doutrina e reconciliou benignamente os apóstatas. Terminou o seu intenso pontificado com a glória do martírio no ano 222. Neste dia fez-se a deposição do seu corpo no cemitério de Calepódio, junto à Via Aurélia, em Roma.
Missa
Comum dos mártires: para um mártir;
ou Comum dos pastores da Igreja: para um papa.
Oração coleta
Senhor nosso Deus,
que chamastes o papa são Calisto ao serviço da Igreja
e lhe inspirastes a piedade para com os fiéis defuntos,
fortalecei-nos com o testemunho da sua fé,
para que, libertos da corrupção que escraviza,
mereçamos alcançar a herança incorruptível.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo,
por todos os séculos dos séculos.
Liturgia das Horas
Do Tratado A Fortunato, de São Cipriano, bispo e mártir
(Cap. 13: CSEL 3, 346-347) (Sec. III)
A fé cristã em tempo de perseguição e em tempo de paz
Os sofrimentos do tempo presente não têm comparação com a glória futura que se há de revelar em nós. Por conseguinte, quem não se esforçará por todos os meios para chegar a tão grande glória, para se tornar amigo de Deus, para gozar imediatamente com Cristo e para receber os prémios divinos depois dos tormentos e suplícios terrenos? Se é glorioso para o soldado deste mundo regressar triunfador à sua pátria depois de vencer o inimigo, quanto mais singular e maior glória será voltar triunfante ao Paraíso depois de vencer o diabo; conseguir o troféu da vitória no mesmo lugar donde fora expulso o pecador Adão e lançar por terra o que antes o enganara; oferecer ao Senhor como o dom mais agradável a fé íntegra, a pureza dum coração sem mancha e o louvor resplandecente da santidade; fazer parte do séquito do Senhor quando vier castigar os seus inimigos; assistir ao seu lado quando Ele Se sentar para julgar; tornar se herdeiro com Cristo, ser equiparado aos Anjos e alegrar se com os Patriarcas, os Apóstolos e os Profetas por ter alcançado o reino dos Céus? Que perseguição poderá ser mais forte que estes pensamentos ou que tormentos conseguirão vencê los?
A alma apoiada nestas considerações religiosas permanece forte e firme, e o coração robustecido por uma fé segura e sólida na vida futura mantém se irresistível contra todos os terrores do diabo e as ameaças do mundo. Nas perseguições a terra fecha se, mas abre se o Céu; o anti cristo ameaça, mas Cristo defende nos; dá se a morte, mas segue se a imortalidade. Que dignidade e que segurança sair alegre deste mundo, sair triunfante no meio de tantas misérias e angústias, fechar por um momento os olhos com que se viam os homens e o mundo, e abri los seguidamente para ver a Deus e a Cristo! Como é rápida esta passagem para a felicidade! Num momento, és arrebatado da terra e restituído ao reino dos Céus.
É necessário pensar e meditar nisto, dia e noite, no interior da nossa alma. Se a perseguição encontrar assim o soldado de Deus, o seu valor, já disposto para o combate, não poderá ser vencido. E ainda que venha antes da luta o chamamento de Deus, não ficará sem prémio a fé que estava preparada para o martírio. O antes e o depois não influem na recompensa que Deus concede como juiz. Na perseguição premeia se o espírito de luta; na paz, a boa consciência.