Santos

Santos Cosme e Damião, mártires

 

Nota Histórica

Cosme e Damião (por volta do século III), segundo a tradição, exerceram a medicina em Ciro, na Eufratésia, território da hodierna Síria, sem pedir remuneração e curando a muitos com os seus cuidados gratuitos. O seu sepulcro encontra-se em Ciro (Kyros), na Síria, onde foi erigida em sua honra uma basílica. Daí, o seu culto passou a Roma e propagou‑se por toda a Igreja. O dia 26 de setembro é a data provável da dedicação da basílica romana com os seus nomes, edificada no século VI.

 

Missa

Antífona de entrada
Alegram-se no céu as almas dos santos que seguiram os passos de Cristo:
porque derramaram o sangue por seu amor, com Cristo reinarão eternamente.

Oração coleta
Nós Vos glorificamos, Senhor,
na memória dos vossos santos Cosme e Damião,
porque lhes destes o prémio da glória eterna
e a nós o auxílio da vossa inefável providência.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo,
por todos os séculos dos séculos.


LEITURAS Da féria (ou do Comum)


Oração sobre as oblatas
Ao celebrarmos a morte preciosa dos vossos santos,
nós Vos oferecemos, Senhor, o sacrifício de Cristo,
que é o princípio e o fundamento de todo o martírio.
Por Cristo nosso Senhor.

Antífona da comunhão Cf. Mc 8, 35
Quem perder a sua vida por Mim e pelo Evangelho
conservá-la-á para a vida eterna, diz o Senhor.

Oração depois da comunhão
Conservai em nós, Senhor,
este dom que recebemos de Vós,
na comemoração dos santos mártires Cosme e Damião,
e fazei que seja para nós fonte de salvação e de paz.
Por Cristo nosso Senhor.

 

Liturgia das Horas

Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo

(Sermão 329,1-2): PL 38, 1454-1455) (Sec. V)

É preciosa a morte dos mártires
cujo preço foi a morte de Cristo

Diante de tão gloriosas heroicidades dos santos mártires, com que floresce a Igreja por toda a parte, verificamos com os nossos próprios olhos quanto é verdadeiro o que cantámos: É preciosa aos olhos do Senhor a morte dos seus fiéis; porque é preciosa aos nossos olhos e aos olhos d’Aquele por cujo nome se ofereceu.
Mas o preço destas mortes é a morte de um só. Quantas mortes terá resgatado a morte de um só, que, se não morresse, seria como o grão de trigo que não frutifica? Recordais as suas palavras, quando Se aproximava da paixão, isto é, quando Se aproximava da nossa redenção: Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, permanece só; mas se morrer, dá muito fruto.
Ele fez realmente na cruz um grande negócio. Aí foi aberta a bolsa que tinha o preço do nosso resgate: quando o seu lado foi aberto pela lança do soldado, dele saiu o preço do mundo inteiro. Foram resgatados os fiéis e os mártires; mas a fé dos mártires foi comprovada; o testemunho é o sangue derramado. Retribuíram o que tinha sido pago em seu favor, cumprindo o que diz São João: Assim como Cristo deu a sua vida por nós, também nós devemos dar a vida pelos irmãos. E noutro lugar diz se: Se te sentas a uma grande mesa, repara com atenção no que te servem, porque também tu deves preparar coisa igual.
Grande mesa é aquela em que os manjares são o próprio Senhor da mesa! Ninguém se dá a si mesmo aos convivas em alimento; isto fá lo Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele é quem convida, Ele é o alimento e a bebida. Compreenderam bem os mártires o que comeram e beberam, para retribuírem de igual modo.
Mas com que retribuiriam eles, se Aquele que foi o primeiro a pagar não lhes desse com que retribuir? Que retribuirei ao Senhor por tudo quanto me concedeu? Tomarei o cálice da salvação. Que cálice é este? É o cálice da paixão, amargo mas salutar, o cálice em que o doente recearia tocar, se o médico não bebesse primeiro. Ele próprio é este cálice; reconhecemos este cálice pelas palavras de Cristo, quando dizia: Pai, se é possível, afaste se de Mim este cálice. Do mesmo cálice disseram os mártires: Tomarei o cálice da salvação e invocarei o nome do Senhor.
E não temes que para isso te faltem as forças? Não, responde o mártir, porque invocarei o nome do Senhor. Como poderiam os mártires vencer, se não vencesse nos mártires Aquele que disse: Alegrai vos, porque Eu venci o mundo? O Senhor dos Céus dirigia o espírito e a palavra deles; por eles vencia o demónio na terra e coroava os mártires no Céu. Oh bem aventurados aqueles que assim beberam deste cálice! Terminaram as dores e receberam as honras.