Santos

São Lourenço de Brindes, presbítero e doutor da Igreja

 

Nota Histórica

Lourenço de Brindes nasceu no ano 1559. Ingressou na Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, onde ensinou Teologia a seus irmãos e exerceu outros cargos de responsabilidade. Pregou com assiduidade e eficácia em vários países da Europa, quer para defender a Igreja dos ataques dos infiéis, quer para promover a reconciliação dos príncipes, quer no governo da sua Ordem, realizando toda a sua atividade com simplicidade e humildade. Escreveu muitas obras doutrinais. Morreu em Lisboa, no dia 22 de julho de 1619.

 

Missa

Comum dos pastores da Igrejas: para um pastor;
ou Comum dos doutores da Igreja;
ou Comum dos santos: para os religiosos.

Oração coleta
Senhor nosso Deus,
que, para glória do vosso nome e para salvação dos homens,
destes ao presbítero são Lourenço [de Brindes]
o espírito de conselho e de fortaleza,
concedei-nos o mesmo espírito,
para conhecermos a vossa vontade e fielmente a cumprirmos.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo,
por todos os séculos dos séculos.

 

Liturgia das Horas

Dos Sermões de São Lourenço de Brindes, presbítero

(Sermão da Quaresma 2: Opera Omnia 5, 1, nn. 48.50.52) (Sec. XVII)

A pregação é um dever apostólico

Para viver a vida espiritual, que nós possuímos tal como os Anjos do Céu e os espíritos divinos, pois como eles fomos criados à imagem e semelhança de Deus, é necessário o pão da graça do Espírito Santo e da caridade de Deus. Mas a graça e a caridade nada são sem a fé, porque sem fé é impossível agradar a Deus. E a fé não se alcança sem a pregação da palavra de Deus: A fé vem da pregação, e a pregação é o anúncio da palavra de Cristo. Portanto a pregação da palavra de Deus é necessária para a vida espiritual, como a sementeira é necessária para a vida corporal.
Por isso dizia Cristo: Saiu o semeador a semear a sua semente. Saiu o semeador a anunciar a justiça. E, como lemos na Escritura, o arauto da justiça foi algumas vezes o próprio Deus: como fez no deserto, quando deu a todo o povo, de viva voz, vinda do céu, a lei da justiça. Outras vezes foi um anjo do Senhor, como aquele que, no «lugar do pranto» repreendeu o povo por causa da transgressão da lei divina; e todos os filhos de Israel, ao ouvirem a exortação do anjo, se arrependeram em seu coração e choraram amargamente com grandes lamentações. Também Moisés pregou a todo o povo a lei do Senhor, nos campos de Moab, como se lê no Deuteronómio. Finalmente, veio Cristo, Deus e homem, para pregar a palavra de Deus. E para esse mesmo fim enviou os Apóstolos, como antes enviara os Profetas.
Por conseguinte, a pregação é um dever apostólico, angélico, cristão, divino. Assim se manifesta por meio da palavra de Deus a multiforme riqueza da sua bondade, porque ela é um tesouro onde se encerram todos os bens. Dela procedem a fé, a esperança e a caridade, todas as virtudes, todos os dons do Espírito Santo, todas as bem-aventuranças do Evangelho, todas as boas obras, todos os méritos da vida, toda a glória do paraíso: Recebei a palavra que em vós foi semeada e que pode salvar as vossas almas.
Na verdade, a palavra do Senhor é luz para a inteligência, fogo para a vontade; por meio dela pode o homem conhecer e amar a Deus. Para o homem interior que, pela graça, vive do Espírito Santo, é pão e água, mas um pão mais doce do que o mel e o favo, e uma água melhor do que o vinho e o leite. É um tesouro de méritos para a alma espiritual, e por isso é comparada ao ouro e à pedra preciosa. É o martelo que abranda a dureza do coração obstinado nos vícios; é espada que mata todo o pecado na luta contra a carne, o mundo e o demónio.