Santos

Beatos Inácio de Azevedo, presbítero, e companheiros, mártires

 

Nota Histórica

[Memória facultativa em Portugal]

Inácio de Azevedo nasceu no Porto, de família ilustre, em 1526 ou 1527. Entrou na Companhia de Jesus, em 1548, e foi ordenado presbítero, em 1553. Mais tarde, partiu para o Brasil, a fim de se consagrar ao apostolado missionário. Tendo voltado à pátria, conseguiu recrutar numerosos colaboradores para a sua obra evangelizadora e empreendeu a viagem de regresso. Ao largo das ilhas Canárias, no dia 15 de julho de 1570, a nau foi intercetada pelos corsários e, por ódio à religião católica, Inácio foi martirizado com os trinta e nove companheiros que iam na mesma nau.

 

Missa

Antífona de entrada
Os mártires derramaram o seu sangue por Cristo;
por isso alcançaram a recompensa eterna.

Oração coleta
Deus eterno e todo-poderoso,
que dotastes de invencível constância na fé
os bem-aventurados mártires Inácio [de Azevedo] e seus companheiros,
concedei-nos que, fortalecidos por tão numerosos exemplos,
imitemos o fogo da sua caridade
e participemos da sua glória na pátria celeste.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo,
por todos os séculos dos séculos.


LEITURAS Da féria (ou do Comum)


Oração sobre as oblatas
Aceitai, Senhor, a oblação do vosso povo,
ao celebrarmos a paixão dos santos mártires,
e fazei que este divino sacramento,
que ao bem-aventurado Inácio [de Azevedo] e seus companheiros
deu tão admirável fortaleza na perseguição,
nos dê também a nós invencível firmeza na adversidade.
Por Cristo nosso Senhor.

Antífona da comunhão Cf. Rm 8, 38-39
Nem a morte nem a vida nem criatura alguma
poderá separar-nos do amor de Cristo.

Oração depois da comunhão
Alimentados com o pão do céu,
fazei, Senhor,
que, a exemplo dos bem-aventurados mártires
Inácio [de Azevedo] e seus companheiros,
levemos sempre gravados em nossos corações
os sinais e o amor da paixão do vosso Filho
e gozemos eternamente da verdadeira paz.
Por Cristo nosso Senhor.

 

Liturgia das Horas

Das Homilias de São João Crisóstomo, bispo

(Hom. Sobre a glória nas tribulações 2.4: PG 51, 158-159.162.164) (Sec. IV)

Os sofrimentos e a glória dos mártires

Considera a sabedoria de Paulo. Que diz ele? Penso que os sofrimentos do tempo presente não têm comparação com a glória que se há-de manifestar em nós. Então, diz ele, porque me falais dos tormentos, dos altares, dos algozes, dos suplícios, da fome, do exílio, das privações, das cadeias e das algemas? Embora apresenteis todas as coisas que atormentam os homens, nada podeis mencionar que seja digno daquele prémio, daquela coroa, daquela recompensa. Porque as provações acabam-se com a vida presente, ao passo que a recompensa é imortal, permanece para sempre.
A isto mesmo aludia o Apóstolo noutro lugar: As leves e passageiras tribulações do momento presente. Ele diminui a qualidade com a quantidade e alivia a dureza com a brevidade do tempo. Como as tribulações que então sofriam eram por sua natureza penosas e duras, Paulo serve-se da sua brevidade para diminuir a sua dureza, dizendo: As leves e passageiras tribulações do momento presente preparam-nos, para além de toda e qualquer medida, o peso eterno de uma sublime e incomparável glória. Não olhamos para as coisas visíveis, mas para as invisíveis; as coisas visíveis são passageiras, ao passo que as invisíveis são eternas.
Vede como é grande a glória que acompanha a tribulação! Vós próprios sois testemunhas do que dizemos. Ainda antes que os mártires tenham recebido as suas recompensas, os seus prémios, as suas coroas, enquanto se vão ainda transformando em pó e cinza, já nós acorremos com entusiasmo para os honrar, convocamos uma assembleia espiritual, proclamamos o seu triunfo, exaltamos o sangue que derramaram, os tormentos, os golpes, as aflições e as angústias que sofreram; e, deste modo, as próprias tribulações são para eles uma fonte de glória, ainda antes da recompensa final.
Depois de termos reflectido nestas verdades, irmãos caríssimos, suportemos generosamente todas as adversidades que sobrevierem. Se Deus as permite, é porque são para nossa utilidade. Longe de desesperarmos ou perdermos a coragem ante a dureza dos sofrimentos, resistamos com fortaleza e dêmos graças a Deus pelos benefícios que nos concedeu, a fim de que, depois de gozarmos dos seus dons na vida presente, alcancemos os bens da vida futura, pela graça, misericórdia e bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo, ao qual, com o Pai e o Espírito Santo, pertence a glória e o poder, agora e para sempre e por todos os séculos. Amen.