Santos

São Jorge, mártir

 

Nota Histórica

No século IV, são Jorge era venerado como mártir em Dióspolis ou Lida, na Palestina, onde havia uma igreja levantada em sua honra. O seu culto propagou-se, desde a antiguidade, pelo Oriente e Ocidente. A tradição popular representa-o como o cavaleiro que enfrenta o dragão, símbolo da fé destemida, que triunfa sobre a força do maligno. O seu túmulo encontra-se em Lod, perto de Tel Aviv, em Israel.

 

Missa

Comum dos mártires: para um mártir no Tempo Pascal.

Oração coleta
Celebramos, Senhor, o vosso poder
e, humildemente, Vos pedimos que o mártir são Jorge
seja agora tão pronto em socorrer a nossa fraqueza
como o foi em imitar a paixão de Cristo, vosso Filho.
Ele que é Deus e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo,
por todos os séculos dos séculos.

 

Liturgia das Horas

Dos Sermões de São Pedro Damião, bispo

(Sermo 3, De sancto Georgio: PL 144, 567-571) (Sec. XI)

Inexpugnavelmente protegido pelo estandarte da cruz

A festa de hoje, caríssimos irmãos, vem duplicar a alegria pascal, como pedra preciosa que, engastada em ouro, o embeleza mais ainda com a sua própria formosura.
Jorge foi transferido duma milícia para outra, porque deixou o cargo de oficial dum exército da terra para se dedicar à milícia cristã. Nesta, como intrépido soldado, começou por libertar-se do peso dos seus bens terrenos, dando tudo aos pobres, e assim, livre e desembaraçado, revestido da couraça da fé, lançou-se na primeira linha do combate como valoroso guerreiro de Cristo.
Isto nos ensina claramente que não estão aptos para lutar com fortaleza e eficácia pela defesa da fé aqueles que ainda se recusam a despojar-se dos bens da terra.
São Jorge, inflamado pelo fogo do Espírito Santo e protegido inexpugnavelmente pelo estandarte da cruz, de tal modo combateu contra o rei iníquo que, vencendo este enviado de Satanás, venceu o chefe de toda a iniquidade e animou os soldados de Cristo a lutarem com valentia.
Assistia ao combate o Árbitro supremo e invisível, que, segundo os planos da sua providência, permitiu que os ímpios o atormentassem. Entregou de facto o corpo do mártir às mãos dos algozes, mas guardou a sua alma com protecção constante no baluarte invencível da fé.
Caríssimos irmãos, não nos limitemos a admirar este combatente do exército celeste, mas imitemo-lo também. Eleve-se o nosso espírito para o prémio da glória celeste, contemplemo-lo atentamente com os olhos do nosso coração, para não nos deixarmos abalar nem pelo sorriso enganador do mundo nem pelas ameaças do seu ódio perseguidor.
Purifiquemo-nos de toda a mancha na carne e no espírito, como nos manda São Paulo, para merecermos um dia entrar naquele templo da bem-aventurança, que por agora apenas entrevemos com o olhar do espírito.
Todo aquele que se quer esforçar por se oferecer a Deus em sacrifício no templo de Cristo, que é a Igreja, é necessário que, depois de lavado no banho sagrado do Baptismo, se revista com o manto das virtudes, conforme está escrito: Revistam-se de justiça os vossos sacerdotes. Quem pelo Baptismo renasce como homem novo em Cristo, não há-de tornar a vestir a mortalha do homem velho, mas a veste do homem novo, vivendo sempre renovado numa vida sem mancha.
Só assim, purificados da imundície da nossa antiga condição pecadora e resplandecentes pelo brilho dum procedimento renovado, seremos dignos de celebrar o mistério pascal e imitaremos verdadeiramente o exemplo dos santos mártires.