Questões e respostas

Aclamações às leituras na Missa

Qual a razão de se dizer, na Liturgia da Palavra da Missa dominical, "Palavra do Senhor", depois da 1.ª e da 2.ª Leitura e "Palavra da salvação", depois do Evangelho? Será que, em reuniões de grupo, se for lida uma leitura tirada da Bíblia, também deverá dizer-se, no final, "Palavra do Senhor" ou "Palavra da salvação"?

 

As aclamações "Palavra do Senhor" e "Palavra da salvação" são usadas nas celebrações sacramentais ou não sacramentais com esquema da Liturgia da Palavra semelhante ao da Missa: leituras, salmos, Evangelho.

A Instrução Geral do Missal Romano diz que estas e outras aclamações «constituem aquele grau de participação activa por parte da assembleia dos fiéis, que se exige em todas as formas de celebração da Missa, para que se exprima claramente e se estimule a acção de toda a comunidade» (n. 35).

Qualquer aclamação é constituída por dois elementos: a proposta e a resposta. No caso das duas primeiras leituras da Liturgia da Palavra da Missa dominical, a proposta é feita pelos leitores e a resposta é dada pela assembleia. O leitor, após cada uma dessas duas primeiras leituras, dirigindo-se à assembleia que o escutou, diz: "Palavra do Senhor".

Por se tratar de uma frase muito breve e sem verbo expresso, há leitores que são tentados a acrescentar-lhe outras expressões, para a tornar mais clara, dizendo, por exemplo: «Esta é a Palavra do Senhor», ou então: «O que acabastes de escutar foi a Palavra do Senhor». Não devem fazê-lo, por duas razões: porque as aclamações devem proferir-se como vêm nos livros litúrgicos, sem lhes acrescentar nem suprimir nada, a fim de não confundir a assembleia; e porque frases desse género são mais explicações do que propostas.

Em ambos os casos a assembleia responde em uníssono: "Graças a Deus", sem a forma verbal damos ou dêmos que poderia lá estar, mas não está. As propostas e respostas aclamativas são sempre simples e reduzidas ao mínimo de palavras, para facilitar a sua memorização e proposição: "Palavra do Senhor" _ "Graças a Deus". Este "Senhor" é Deus, como o explicita a resposta.

O mesmo acontece depois da leitura do Evangelho, embora noutros termos: "Palavra da salvação" _ "Glória a Vós, Senhor". Notemos que este "Senhor" é Jesus Cristo, e que a palavra da salvação é a passagem evangélica acabada de proclamar pelo diácono ou pelo sacerdote (presbítero ou bispo).

Depois destas breves explicações, respondo agora directamente à sua pergunta, dizendo-lhe que são três as razões pelas quais estas duas aclamações fazem parte da Liturgia da Palavra da Missa: a) porque exprimem a fé da assembleia reunida, na origem divina (Palavra do Senhor) e salvadora (Palavra da salvação) das leituras proclamadas pelos leitores; b) porque animam a acção litúrgica que está a ser celebrada, tornando-a mais viva e festiva, sobretudo quando tais aclamações são cantadas; c) porque estimulam a participação activa da comunidade reunida, ao levá-la a responder ao Senhor, que lhe veio falar, com palavras de imensa gratidão e louvor nascidas da fé (Graças a Deus _ Glória a Vós, Senhor).

Diz assim o Ordenamento das Leituras da Missa, nos nn. 44 e 45: «O povo de Deus reúne-se, cresce e alimenta-se pela palavra de Cristo. Na liturgia da palavra, também hoje a assembleia dos fiéis cristãos recebe de Deus, pela audição da fé, a palavra da aliança e deve responder a essa palavra com a mesma fé, para se tornar cada vez mais, de dia para dia, o povo da nova aliança».

Quanto à sua segunda pergunta, devo dizer-lhe que não me parece pedagógico utilizar as aclamações "Palavra do Senhor" _ "Graças a Deus" e "Palavra da salvação" _ "Glória a Vós, Senhor", que são próprias da Missa, no fim de uma simples leitura da Bíblia feita em privado ou em grupo, ou durante a recitação do Rosário, após cada leitura alusiva aos mistérios. Isso nunca se fez ao longo do tempo, não está dito em parte nenhuma que se faça, e se algumas pessoas o fazem hoje é por simples imitação do que é mandado fazer-se na Missa.

Além disso, na celebração da Liturgia das Horas ou Ofício divino, proposta pela Igreja a todos os seus filhos, e constituída pela oração de salmos e por várias leituras longas ou breves, nunca estas são seguidas de qualquer aclamação. O silêncio, depois dos momentos de escuta da palavra de Deus, ajuda a interiorizar a mensagem escutada, objectivo primeiro da leitura pessoal da Bíblia.

A Instrução Geral do Missal Romano diz o seguinte nos nn. 59 e 60: «Depois de cada leitura (na Missa), aquele que a lê profere a aclamação; ao responder-lhe, o povo reunido presta homenagem à palavra de Deus, recebida com fé e espírito agradecido. A leitura do Evangelho constitui o ponto culminante da liturgia da palavra. Deve ser-lhe atribuída a maior veneração. Assim o mostra a própria Liturgia, distinguindo esta leitura das outras com honras especiais, quer por parte do ministro encarregado de a anunciar e pela bênção e oração com que se prepara para o fazer, quer por parte dos fiéis que, com as suas aclamações, reconhecem e confessam que é Cristo presente no meio deles quem lhes fala, e, por isso, escutam a leitura de pé; quer ainda pelos sinais de veneração ao próprio Evangeliário».

Utilizar as aclamações "Palavra do Senhor" e "Palavra da salvação" por tudo e por nada, parece-me que nem as dignifica nem nos ajuda a perceber que a presença de Cristo na Liturgia é diferente de outras presenças do Senhor noutros momentos da vida cristã, entre os quais se contam uma reunião de grupo ou a recitação do Rosário em honra de Nossa Senhora.


Um colaborador do SNL