O sacramento da Quaresma

De novo a Páscoa do Senhor vai marcar encontro connosco nestes dias do ano 2018. Não de surpresa, pois quer encontrar-nos preparados para acolher tão grande dom.

Mais do que nós próprios, quem nos prepara e predispõe para o acolhimento da Páscoa é a Quaresma, "sinal sacramental da nossa conversão", como se exprime o papa Francisco na sua mensagem quaresmal deste ano. "Sinal sacramental" porque significa e realiza o mistério que traz consigo.

A Quaresma é um tempo litúrgico que tem o seu verdadeiro começo no I Domingo, ao qual o Missal chama exordium venerabilis sacramenti (início do venerável sacramento), e aos seus 40 dias annua quadragesimalis exercitia sacramenti (observância anual do sacramento da Quaresma).

Ao exprimir-se deste modo, o Missal segue na esteira de Agostinho de Hipona que não receava dizer: "Viste um pobre, viste Cristo, pois o pobre é sacramento do Senhor".

Estamos habituados a chamar à Quaresma espaço de 40 dias de preparação para a Páscoa. Sabe a pouco falar assim. É mais verdadeiro, mais litúrgico e mais profundo chamar-lhe "sacramento ou sinal sacramental da nossa conversão", que se celebra ao longo de 40 dias e tem por fim converter-nos: "Voltai para mim de todo o coração, diz o Senhor". É isso exactamente o essencial. Tão grande importância da Quaresma vem-lhe do mistério que Jesus viveu nos quarenta dias e quarenta noites passados no deserto, e que os seus amigos encontram agora nos 40 dias da Quaresma.

É essa a razão de tentarmos não perder nenhum deles, desde Quarta-feira de Cinzas até à tarde de Quinta-feira da Semana Santa, quando termina a Quaresma e começa o Tríduo da Paixão, da sepultura e da Ressurreição do nosso Salvador, o Tríduo Pascal.

2018-02-14 00:00:00