Dicionário elementar de liturgia

José Aldazábal

 

Advento

 

Do adventus latino (vin¬da, chegada). Diz-se do tempo de preparação do Natal, que constitui uma unidade dinâmica com o próprio Natal e Epifania, celebrando assim a manifestação do Senhor na nossa história.
As origens históricas do tempo do Advento não são muito claras. Sabemos que se foi formando entre os séculos IV e VI, de diversas maneiras, em várias famílias litúrgicas do Oriente e do Oci¬dente. Na Hispânia, temos uma notícia do Concílio de Saragoça (cerca de 380) em que já se fala de três semanas de preparação para a Epifania (desde 17 de Dezembro a 6 de Janeiro), com cunho baptismal. No Oriente, foi-se formando no século V. Enquanto que em Roma, só no século VI temos, com S. Gregório Magno, o testemunho de que já existe o Advento que hoje conhecemos, de quatro semanas. Na liturgia ambrosiana de Milão, são seis os domingos de Advento, tal como na hispânico-moçárabe.
«O Tempo do Advento começa com as Vésperas I do domingo que ocorre no dia 30 de Novembro ou no mais próximo a este dia e termina antes das Vésperas I do Natal» (NG 40). Os seus personagens clássicos são o profeta Isaías, o precursor João Baptista e a Mãe, Ma¬ria de Nazaré: a quem todos «os Profetas anunciaram, a Virgem Mãe esperou com inefável amor, João Baptista proclamou estar para vir e mostrou já presente no meio dos homens» (Prefácio II).
A liturgia do Advento tem um claro carácter escatológico, na sua primeira parte, até ao dia 16 de Dezembro, olhan¬do para a última vinda do Senhor no fi¬nal dos tempos. Assim o exprimem os Prefácios primeiro («as duas vindas de Cristo») e terceiro («Cristo, Senhor e Juiz da História»). Enquanto que, a partir do dia 17, na chamada «semana santa» do Natal, o olhar se dirige mais concretamente para a preparação da festa, o que encontra eco no prefácio segundo («a dupla expectação de Cris¬to») e, no quarto, («Maria nova Eva»). «Por estes dois motivos, o Advento apresenta-se-nos como um tempo de piedosa e alegre expectação» (NG 39).