Dicionário elementar de liturgia

José Aldazábal

 

ADAP (Assembleias Dominicais na Ausência de presbítero)

 

Nem to¬das as comunidades cristãs podem celebrar a Eucaristia, em cada domingo. Pela dispersão da população, pela escassez de sacerdotes ou por circunstâncias de perseguição religiosa, a ausência do presbítero impede que se possa celebrar plenamente a Eucaristia. O que não sucede só em «países de missão», mas também nos de enraizamento cristão. Ocasionalmente, pode também dar-se o caso de doença do presbítero, ou nos dias da Semana Santa.
Para orientação pastoral, nestes casos, a Congregação para o Culto Divino publicou, em 1988, o Directório Christi Ecclesia, convidando a organizar celebrações da Palavra, na linha do já indicado em SC 35, na instrução Inter Ocumenici, de 1964, e pelo Código de Direito Canónico (CDC 1248).
Esta celebração da Palavra, equivalente à primeira parte da Missa, é precedida de uns ritos de entrada, que tentam constituir a comunidade celebrante; comporta também a homilia ou comentário sobre as leituras e a Ora¬ção Universal. Depois, normalmente, pode concluir com a comunhão eucarística. À semelhança de Sexta-Feira Santa, em que se comunga sem ter havido Eucaristia, também aqui, depois de rezar o Pai-Nosso e fazer o gesto da Paz, distribui-se o Pão eucarístico, consagrado na última celebração (ou trazido, se se pode fazer, da Eucaristia celebrada, nesse mesmo dia, pelo presbítero responsável da comunidade).
Evidentemente que não se apresentam estas celebrações como a solução ideal, mas como o substituto menos imperfeito da Eucaristia que, para uma comunidade cristã, ao domingo, continuará a ser sempre a indicada. Não é uma alternativa, mas uma suplência. Além disso, haverá que decidir, dentro da pastoral de uma diocese, depois de ter tentado solucionar o problema por outros meios, como a trasladação da comunidade, se for possível, para o lugar onde se celebra a Eucaristia, ou a melhor distribuição dos sacerdotes, incluídos os religiosos, no bem da comunidade diocesana, e racionalizando os horários das missas onde houver mais presbíteros.
A ausência do presbítero não impede que se vivam todos os aspectos do domingo cristão. Continuam a ser valores efectivos para a comunidade cristã: o próprio domingo, como dia do Senhor, a reunião da comunidade, como povo sacerdotal, a celebração da Palavra de Deus, a oração em comum, o papel ministerial e animador que também os leigos podem assumir no seio da comunidade, e a recepção da comunhão eucarística. Por falta de presbítero, não se poderá ter a Eucaristia, mas tentam-se «salvar» e exercitar esses outros aspectos do domingo cristão, convidan¬do, além disso, à corresponsabilidade da comunidade, à animação interna da mesma, por meio dos leigos, e ao compromisso de promover vocações para o ministério ordenado.
As pessoas encarregadas de dirigir as ADAP, à falta do presbítero, são em primeiro lugar os diáconos, mas também pessoas leigas, por exemplo, acólitos ou leitores instituídos, ou seminaristas, ou religiosas e religiosos, ou simplesmente fiéis que foram designados e preparados para o efeito. Se não são ministros ordenados, o Directório não lhes chama «presidentes», mas «moderadores» da celebração.
--> Assembleia. Domingo. Presidente. Sacerdote.