Dicionário elementar de liturgia

José Aldazábal

 

Profissão de Fé

 

«Profissão» vem da palavra latina pro-fateri (de fari, dizer, dar testemunho diante de outros). Aplica-se, sobretudo, à «profissão de fé» e à «profissão dos votos religiosos». No Catecismo da Igreja Católica toda a primeira parte se intitula «a Profissão de fé», seguindo os artigos do Credo.
No AT, já o Povo de Israel tinha fórmulas breves e densas em que manifestava a sua fé em Javé e na sua actuação salvadora: por exemplo, a recitação diária do «*Shemá Israel» («Escuta, Israel»). No NT, sobretudo as cartas de S. Paulo estão cheias de formulações breves da fé cristã, quase sempre concentradas em Jesus Cristo. Além de fórmulas catequéticas, são um autêntico acto de culto e de adesão, à maneira de doxologias. Depois, as comunidades cristãs formularam a sua fé de uma forma mais desenvolvida.
O lugar mais próprio da profissão de fé foi, desde o princípio, o da iniciação cristã. No Baptismo de adultos, são os próprios candidatos que, pessoalmente, professam a sua fé, diante da comunidade, renunciando ao demónio e ao mal, e professando a sua fé e adesão a Deus e a Cristo. No Baptismo de crianças, as perguntas de *renúncia e profissão de fé dirigem-se aos pais e padrinhos, que são os garantes da educação e formação da criança na fé, em lugar de quem dão o seu assentimento pessoal. Depois, a comunidade inteira faz também a sua profissão de fé, a fé eclesial, na qual tem sentido todo o sacramento de iniciação: «Esta é a nossa fé»…
Neste mesmo quadro de iniciação cristã ou da sua recordação, cada ano, na Vigília Pascal, renova-se a renúncia ao mal e faz-se a profissão de fé em Cristo e em Deus. Também na Confirmação se faz essa renovação, e aconselha-se a que se faça também antes da Primeira Comunhão, cume da iniciação cristã que começou no Baptismo.
Foi no século V ou VI que, em algumas Igrejas do Oriente, se introduziu a pro¬fissão de fé na celebração euca¬rística.
«O símbolo ou profissão de fé diz--se na celebração da Missa, conforme as rubricas, para que a assembleia reunida manifeste o seu assentimento como resposta à Palavra de Deus, escutada nas leituras e na homilia, e recorde, antes de começar a celebração do mistério eucarístico, a regra da sua fé, segundo a forma aprovada pela Igreja» (OLM 29, EDREL 831; cf. IGMR 67). É, portanto, conclusão da Palavra escutada e antecipação da segunda parte eucarística da celebração.
Actualmente, são três as «formas aprovadas pela Igreja»: o Símbolo dos Apóstolos, o mais breve, que foi o primeiro «catecismo» baptismal da fé; o Símbolo de Niceia-Constantinopla, mais longo; e o dialogado da Vigília Pascal e da celebração do Baptismo. Evidentemente, numa celebração eclesial não podem ser proferidos «credos» ou profissões de fé de invenção particular ou de grupo.
Além disso, há outras ocasiões em que a profissão de fé tem um lugar destacado. Assim, o Código de Direito Canónico (CDC 833) exige que façam uma profissão pública de fé os participantes nos Sínodos e Concílios, os no¬vos cardeais e bispos, os párocos, os professores de Teologia e Filosofia nos seminários, etc.

--> Credo. Símbolo.