Dicionário elementar de liturgia

José Aldazábal

 

peixe

 

As refeições com peixe parecem ter tido, na primeira comunidade cristã, uma certa significação. O peixe (em grego, ichthys: daí a «ictiologia») foi um símbolo religioso em muitas culturas. Para os judeus parece ter tido, sobretudo na literatura extrabíblica, uma conotação messiânica e escatológica: a sua comida, de alguma maneira, antecipava os tempos messiânicos.
Se se demonstrasse isto, entender-se--iam melhor as passagens da multiplicação dos pães e dos peixes (cf. Mc 6,41-43) ou o alimento de peixe e pão que Jesus oferece aos seus depois de ressuscitado (cf. Jo 21,9), assim como a per¬sistência, nos primeiros séculos, do ¬simbolismo do peixe aplicado a Cristo, simbolismo que, em todo o caso, parece anterior à «descoberta» do famoso acróstico que as palavras formavam: «Iesus Christos Theou HYios Soter»: (Jesus Cris¬to, Filho de Deus, Salvador), cujas iniciais formam a palavra I-CH-TH-Y-S que, em grego, significa peixe.
Por isso, o símbolo do peixe foi uma contra-senha secreta, entre os cristãos, como se vê nas gravações das catacumbas. Tertuliano viu outro simbolismo: «Nós, peixinhos, como o nosso Peixe, Jesus Cristo, nascemos na água baptismal, e não nos salvamos senão permanecendo na água» (De Baptismo 1). O simbolismo do peixe e do pão, ainda agora, se usa muito para significar a Eucaristia.