Dicionário elementar de liturgia

José Aldazábal

 

oferendas

 

Do latim, offerenda (as coisas a oferecer). Refere-se, sobretudo, ao pão e ao vinho que se levam ao altar, para serem consagrados como Corpo e Sangue do Senhor.
O Missal Romano dá um valor simbólico a estas oferendas: «Em seguida, são trazidas as oferendas. É de louvar que o pão e o vinho sejam apresentados pelos fiéis […] Embora, hoje em dia, os fiéis já não tragam o seu próprio pão e vinho, como se fazia noutros tempos, no entanto, o rito desta apresentação conserva ainda valor e significado espiritual» (IGMR 73). No Ordinário da Missa, diz-se: «Convém que os fiéis manifestem a sua participação, apresentando o pão e o vinho para a celebração da Eucaristia, e mesmo outros dons para acorrer às necessidades da Igreja e dos pobres».
O conceito de oferendas amplia-se, portanto, aos dons para os pobres ou para a Igreja: «São permitidas ofertas em dinheiro e outros dons, destinados aos pobres ou à Igreja, e tanto podem ser trazidos pelos fiéis como recolhidos dentro da Igreja. Estes dons serão dispostos em lugar conveniente, fora da mesa eucarística» (IGMR 73).
Nos primeiros séculos, os fiéis traziam de suas casas as oferendas de pão e vinho para a Eucaristia, assim como também outros dons para socorrer a Igreja ou os pobres. A pouco e pouco, em algumas regiões – sobretudo em Roma e na África – organizou-se a «procissão dos dons». O seu simbolismo foi sempre duplo: a participação na Eucaristia e a intenção de partilhar fraternalmente com os mais pobres os próprios bens. Os «oferentes», ou seja, o nome das pessoas que tinham dado algo para a Eucaristia, constavam, em algumas igrejas, de listas ou «dípticos», que se liam, às vezes, no ofertório (como na liturgia hispânica) e, outras vezes, dentro das intercessões da Prece Eucarística (como na liturgia romana). Contudo, hoje, na Prece IV do Missal pede-se a Deus, nas intercessões finais, que se recorde «dos fiéis que apresentam as suas ofertas», bem como de todos os que se encontram na celebração.
A procissão das oferendas, com o seu sentido de participação dos fiéis, não convém, no entanto, que se exagere, incluindo nela todo o tipo de «dons», mais ou menos simbólicos. Os que Cristo «tomou» nas suas mãos, e que têm que ver directamente com a Eucaristia, são o pão e o vinho, frutos da terra e do trabalho: símbolos bem expressivos da existência e da inserção de todos no sacrifício de Cristo. À procissão destes dons corresponder-lhe-á a outra procis¬são, quando a comunidade se aproximar do altar para a Comunhão, a fim de receber esses mesmos dons, agora convertidos no Corpo e Sangue de Cristo.
As duas orações com que o sacerdote apresenta o Pão e o Vinho, di-las normalmente em secreto, segundo o Missal, embora também possa dizê-las em voz alta. A que se diz em voz alta, como presidente da comunidade, é a oração que dá sentido à apresentação das oferendas e prepara a Prece Eucarística: «a oração sobre as oblatas», antes chamada «secreta».

--> Oblação. Oblata. Ofertório. Oração sobre as oblatas.