Dicionário elementar de liturgia

José Aldazábal

 

mistagogia

 

A palavra «mistagogia» e seus derivados, «mistagogo, mistagógico», vêm do grego: a raiz myst- que indica o mistério, o oculto, e agagein, guiar, conduzir. Refere-se, portanto, a tudo o que ajuda a conduzir ao mistério. No nosso caso, ao Mistério de Cristo, celebrado na liturgia e vivido na existência cristã.
O que na verdade nos guia e faz entrar em sintonia com o mistério salvador de Cristo é o Espírito Santo. Mas também se chama mistagogia à dinâmica interior e à pedagogia com que a própria celebração litúrgica e os seus agentes nos ajudam a celebrar em profundidade e, depois, a viver esse mistério.
Nos primeiros séculos, eram famosas as «catequeses mistagógicas» que os bispos, como Cirilo de Jerusalém, João Crisóstomo, Ambrósio de Milão e Teodoro de Mopsuéstia, dirigiam aos neófitos, na semana da Páscoa, depois de celebrados os sacramentos da iniciação, na Vigília Pascal, para os ajudar a penetrar em profundidade no que tinham celebrado.
Nos documentos eclesiais da actualidade utilizou-se este termo sobretudo em duas ocasiões: a) referido à «formação mistagógica» dos seminaristas (Instrução da Congregação da Educação Cristã, de 1979), entendendo por tal que sejam conduzidos, através da docência e pela prática celebrativa, a uma mais profunda sintonia com o Mistério de Cristo; b) e falando do caminho da iniciação cristã, no qual, depois do catecumenato e da celebração dos sacramen¬tos na noite pascal, se chama «tempo de mistagogia» às semanas seguintes, o Tempo Pascal, em que se quer favorecer nos neófitos a experiência dos sacramentos e da vida comunitária, progredindo assim no conhecimento e na vivência do Mistério Pascal (cf. RICA 235-239; EDREL 167-171).