Dicionário elementar de liturgia

José Aldazábal

 

Intermédia (Hora)

 

Chamamos Horas Intermédias às horas de Tércia, Sexta e Noa, chamadas também «horas menores».
Embora Laudes e Vésperas, já desde os primeiros séculos, fossem as horas de oração comunitária mais significativas, no horário diário, foram-se acrescentando, primeiro por devoção monástica, e, depois, por extensão, outras horas intermédias na jornada, para dar cumprimento ao preceito evangélico de «orar sempre, sem desfalecer» (cf. Lc 18,1), ligando-as, além disso, a acontecimentos da Paixão de Cristo ou a momentos particularmente expressivos da comunidade apostólica (cf. IGLH 1 e 74-75). Assim:
• Tércia – para as nove da manhã, segundo o horário romano – relacionava-se com a vinda do Espírito, no dia do Pentecostes, ou com o início do caminho da cruz, por parte de Cristo; é característico desta hora o hino Nunc Sancte nobis Spiritus;
• Sexta – para o meio-dia –, de novo com a cruz de Cristo e as trevas (cf. Jo 19,28), e também com a visão de Pedro sobre os alimentos, em Jope (cf. Act 10,9);
• Nona (ou Noa) – às primeiras horas da tarde – relacionou-se com a morte de Cristo (cf. Lc 23,44) e também com a oração de Pedro e João, no Templo, à hora do sacrifício vespertino (cf. Act 3,1).
Desta oração, ao longo das horas do dia, são testemunhas Tertuliano e, sobretudo, Hipólito, na sua Traditio apostólica (c. 41), nos princípios do séc. III.
Na reforma pós-conciliar, mantiveram-se estas três horas, no ofício coral na vida contemplativa (cf. SC 89; IGLH 76). No entanto, «fora do coro, e salvo direito particular, é permitido escolher uma só destas três horas, a que mais convier à hora do dia, a fim de manter a tradição de orar durante o dia, a meio do trabalho» (IGLH 77). Aos ministros ordenados recorda-se-lhes que rezem esta Hora Intermédia com sumo interesse, «para melhor santificarem o dia» (IGLH 29).
A estrutura da Hora Intermédia (cf. IGLH 78-83) consta do hino, a salmodia, a leitura breve e a oração.

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