Dicionário elementar de liturgia

José Aldazábal

 

Ambrosiana (Liturgia)

 

A liturgia ambrosiana é um dos frutos mais significativos da evolução que aconteceu nos séculos IV e seguintes: a diferenciação das famílias litúrgicas, quer no Oriente quer no Ocidente.
Embora a origem do rito ambrosiano não se conheça com plena segurança, a tradição relacionou-o activamente com Santo Ambrósio, o grande bispo de Milão, de finais do século IV. Esta liturgia foi-se formando com claros influxos de outras, quer dos orientais quer da galicana, mas com liberdade e criatividade própria, na qual certamente Santo Ambrósio muito se empenhou, pelo menos na composição de orações e hinos, até chegar à coerência interna de estilo e de organização que agora tem.
No século XV, com a imprensa, cuidaram-se mais dos livros litúrgicos próprios, e São Carlos Borromeo, no séc. XVI, teve o mérito de fomentar e renovar o conjunto desta liturgia ambrosiana.
O Concílio Vaticano II (cf. SC 4) pediu que estes ritos legitimamente reconhecidos, diferenciados do romano, se respeitem, mais ainda, que se conservem e se fomentem. Por isso, também para a liturgia milanesa se pôs em marcha, nos anos pós-conciliares, um intenso trabalho de estudo, renovação, purificação e criatividade, até chegar às edições dos novos livros litúrgicos: Missal, Leccionário, Ritual, Pontifical, etc.
As características mais conhecidas do rito ambrosiano referem-se, antes de mais, ao Ano Litúrgico. O Advento tem seis semanas, começando no domingo mais próximo do dia 12 de Novembro, e reservando o sexto domin¬go para a solenidade da Maternidade de Maria. A Quaresma não começa em Quarta-Feira de Cinzas, mas no seu primeiro domingo. O calendário santoral, naturalmente, é próprio.
Na Missa, a nota mais evidente é a maior riqueza eucológica, tanto em orações, Prefácios e Orações Eucarísticas, como nos cânticos. O gesto da Paz está antes do ofertório. O que mais riqueza supõe numa liturgia, à parte determinados ritos ou de organizações especiais, é a sua eucologia, o conteúdo e a linguagem teológico-espiritual dos seus textos. E nisto a liturgia ambrosiana, como a hispânica, é admirável.
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