Dicionário elementar de liturgia

José Aldazábal

 

escutar

 

Do latim, auscultare – é mais activo que o mero ouvir: é ouvir, prestando atenção. Não é só uma atitude humana necessária – sem ela, não é possível o diálogo – mas constitui também a atitude religiosa fundamental.
O primeiro que escuta é Deus: «Eu vi a situação miserável do meu povo, no Egipto; escutei o seu clamor», e promete-lhes, por meio de Moisés: «Se eles clamarem por Mim, escutarei o seu clamor» (Ex 3,7; 22,21). Ao povo de Israel inculca-se-lhe esta primeira disposição diante de Deus: «Escuta, Israel!» (Dt 6,4), o famoso «*Shemá Israel», que é um bom resumo da sua fé. A breve ¬oração do jovem Samuel exprime-o com elegância: «Fala, Senhor; o teu servo escuta» (1Sm 3,10).
Também no NT a atitude de escuta é a primeira resposta de acolhimento ao que Cristo anuncia. Os bons *ouvintes merecem esta bem-aventurança: «Felizes, antes, os que escutam a Palavra de Deus e a põem em prática» (Lc 11,28). Com razão se louva a Virgem Maria porque acolheu a Palavra: «acolheu a vossa Palavra e guardou-a no seu coração» (Prefácio mariano IV).
Na Liturgia, todos são convidados a escutar com atenção as diversas palavras que são proclamadas: orações, cânticos, homilia, Salmos… Mas, sobretudo, a Palavra de Deus que as leituras bíblicas transmitem.
A introdução ao Leccionário motiva para esta disposição de escuta: «quando Deus comunica a sua Palavra, espera sempre uma resposta, que consiste em ouvi-lo e adorá-lo “em Espírito e verdade”»; «os fiéis participam tanto mais na acção litúrgica quanto mais se esforçam, ao escutarem a Palavra de Deus nela proclamada, por aderir ao próprio Verbo de Deus encarnado em Cristo» (OLM 6). Escutar é uma audição acompanhada de fé, pelo que os fiéis «escutem a Palavra de Deus com uma veneração interior e exterior que contribua para progredir cada vez mais na vida espiritual e os introduza mais profundamente no mistério que se celebra» (OLM 45).

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