Dicionário elementar de liturgia

José Aldazábal

 

elevação

 

Podem-se elevar as mãos, o olhar, a voz e, em sentido simbólico, o coração. Na Liturgia, a palavra, «elevação» designa normalmente a do Pão e do Vinho consagrados, por parte do sacerdote, na Oração Eucarística. Nas liturgias orientais, realiza-se a elevação noutros momentos, como gesto de «mostrar»: por exemplo, quan¬do se convida a comungar, depois de ser dito «sancta sanctis» (o Santo para os santos).
A elevação do Pão e do Vinho, no rito romano, é de origem relativamente recente: a do Pão começou em Paris, nos começos do século XIII, e a do Vinho, mais tarde, oficialmente, pela primeira vez, no Missal de Trento.
A piedade eucarística, nos séculos XII
e XIII, como reacção à heresia de Berengário que negava a Presença real, sublinhava mais o facto de «ver» a Eucaristia que o de participar dela, na Comunhão. E, como o sacerdote, nessa época, celebrava de costas para a comunidade, isso contribuiu para que o gesto de elevar o Pão consagrado tivesse de fazer-se de forma a ser bem notada. Presentemente, com o celebrante voltado para a assembleia, não se justifica que a elevação seja tão evidenciada.
Na Eucaristia, há três elevações:
• no Ofertório, o sacerdote toma o pão, mostra-o, elevando-o um pouco do altar (aliquantulum elevatam), enquanto pronuncia – em secreto ou em voz alta – as palavras de apresentação, fazendo o mesmo, depois, com o vinho;
• no relato da Consagração, depois de pronunciar as palavras sobre o Pão, eleva-o um pouco (parum elevatum), oferecendo-o à adoração dos fiéis, e repete o mesmo gesto, para a elevação do vinho;
• e, enquanto canta ou proclama a doxologia final da Oração Eucarística, eleva o Pão e o Vinho (utrunque elevans). Esta última é a mais antiga e a mais solene, sublinhando com este gesto expressivo a doxologia final da oração: é por meio de Cristo Eucarístico que elevamos a Deus toda a honra e toda a glória.